-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

. . .

7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

. . .

A guerra das rosas

Manuela de Freitas / José Mário Branco
Repertório de Camané

Partiste sem dizer adeus nem nada
Fingiste que a culpa era toda minha
Disseste que eu tinha a vida estragada
E eu gritei-te da escada
Que fosses morrer sozinha

Voltaste e nem desculpa pediste
Perguntaste porque é que eu tinha chorado
Não respondi, mas quando vi que sorriste
Eu disse que estava triste
Porque tu tinhas voltado

Zangada, esvaziaste o meu armário
E em nada ficou meu disco preferido
De raiva, rasguei o teu diário
Virei teu saco ao contrário
Dei-te cabo de um vestido

Queimaste o meu jantar favorito
Deixaste o meu champanhe azedar
E quando cozinhei o periquito
Para abafar o teu grito
Eu comecei a cantar

Fumavas, eu nem suportava o cheiro
Teimavas em me acender um cigarro
E quando tu me ofereceste um isqueiro
Atirei-te com o cinzeiro
Escondi as chaves do carro

Não queria que visses televisão
Em dia de jogos de Portugal
Torcias contra a nossa seleção
Se eu via um filme de acção
Tu mudavas de canal

Tu querias que eu fosse contigo ao bar
Só ias, se eu não entrasse contigo
Saía p’ra não ter de te aturar
Tu ficavas a dançar
Com o meu melhor amigo

Gozavas porque eu não queria beber
Ralhavas ao veres-me de grão na asa
Eu ia  festa sem te dizer
Nunca cheguei a saber
Se tu ficavas em casa

Tu
deste ao porteiro roupa minha
Soubeste que eu lhe dera o teu roupão
Eu dei o teu anel à vizinha
E p’ la estima que eu lhe tinha
Ofereceste-lhe o meu cão

Foste-te me lendo o teu romance de amor
Sabendo que eu não gostava da história
No dia de o mandares pró editor
Fui ao teu computador
Apaguei-o da memória

Se cozinhavas, eu jantava sempre fora
Juravas que eu havia de pagá-las
Põe-te na rua; dizias-me a toda a hora
E quando eu me fui embora
Tu ficaste-me coas malas

Depois desses anos infernais
Os dois éramos caso arrumado
Achando que também era demais
Jurámos pra nunca mais
Foi cada um pra seu lado

No escuro, tu insistes que eu não presto
Eu juro que falta a parte melhor
Um beijo acaba com o teu protesto
Amanhã conto-te o resto
Boa noite meu amor