Hélder
Moutinho / Frederico Pereira
Repertório
de Hélder Moutinho
Naquela
rua deserta
Onde
a esperança se revela
Numa
constante ilusão
Há
uma porta entreaberta
Ao
lado de uma janela
Onde
mora a solidão
As
pedras negras da rua
Revelam
que a madrugada
Serve a sorte e o desejo
Sob
a candeia da lua
Vê-se
uma boca fechada
No labirinto de um beijo
Os
sonhos desvanecidos
Perdidos
na desventura
Das obras ébrias, tardias
São
presentes proibidos
À
espera de uma ternura
Que morre todos os dias
Ao
fim da tarde, uma estrela
Surge
tão pausadamente
Que nem pede para ficar
Quase
ninguém dá por ela
Saudade
que não se sente
Já não se pode matar
Na
esquina bate o passado
E
os versos de uma quimera
Contam a história de alguém
Melancolia
de um fado
Nascido
na primavera
Mas não sabe de ninguém
Naquela
morada incerta
Ao
bairro da solidão
Luz vermelha da cidade
Há
uma porta entreaberta
Onde se perde a razão
P’ra se morrer de saudade