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Corpo em viagem

Mário Rainho / Filipe Pinto Jnr
Repertório de Vasco Rafael

De velas soltas ao vento 
Anda meu corpo em viagem
E no cais do pensamento
O amor, tu e o tempo 
Esperam uma breve paragem

Navego no mar da esperança 
Vou ao leme da aventura
E nem a alma se cansa
Rumo aos sonhos de criança 
É esta a minha loucura

Chegar, partir, voltar ao mar
Fugir ao rio
Amor, meu corpo è um navio


No convés levo luar 
Na proa o sol da verdade
Lancho alegre a cantar
Não temo a fúria do mar 
Apenas temo a saudade

Sou marinheiro do mundo 
Não tenho tempo a perder
No mar sinto-me jucundo
Sou marinheiro do mundo 
Não há mais nada a fazer

Fado gago

Sérgio Godinho / Aníbal Nazaré / Nelson de Barros
Repertório de Sérgio Godinho

Fado triste... 
Fado negro das vielas
Onde... agora é que são elas!!!

Encomendaram-me este fado
Mas só se for falado...
Fado falado? 
Pagam bem e dão trocado
O fado é pago!
Mas eu que sou gago 
Só consigo balbuciar... 
Melhor cantar

Mãos caprichosas que sebosas 
Mimoseiam a guitarra
Mimoseando o fado nefando 
Que se entranha nas vielas
Mãos tagarelas, indecentes
Mãos tão juntas, tão ardentes
Os dedos quentes, insolentes 
Só se amainam na guitarra

Espera aí...
Já compreendi que entoando
Mesmo falando, mesmo falando
Se falar como que em verso 
Não gaguejo e até converso
Como as tais mãos na guitarra...

Eram assim essas mãos
Mãos de ferro e mãos de farra 
Desse Chico de má-vida
Que, p'ra ser fiel à história
Andava na boa-vida com a Glória
E está bom de ver 
Que o mulherio de Alfama 
Que é todo de alta linhagem
Achava aquilo suspeito: 
Vem de viagem esse Chico 
Marinheiro, todo feito
E vá de pendurar a âncora 
Na varanda da piquena
Estão a ver a cena?

E está bom de imaginar
Que dentro desse lugar
O que tinha a mercearia 
Mesmo em frente
Tudo era transparente
O Chico, quando dormia
Era marinheiro em terra
Era a paz depois da guerra
A sua Glória
Por isso dormiam juntos 
Sem divisória

Mãos muito sábias, tantas lábias 
Nas linhas das quatro palmas
São duas almas irmanadas 
Pelas sinas da paixão
Corpo na mão, mão que esvoaça 
E amordaça a sensatez
E cada vez que o fado canta
Esqueço tanta da gaguez

Mas um dia, há sempre um dia
Moeda ao ar!
A cara e a coroa viram a sorte mudar
Vamos lá explicar

É que o Chico, c'a memória de ter 
Amor de mulher vez à vez em cada porto
Não cuidou de amar a Glória
Foi-se à fruta no pomar
Deixou a planta no horto
Ou seja: resolveu catrafilar 
Toda a mulher que passava
Na rua por onde a Glória
E aqui vai mais desta história, espreitava

Ah! que a Glória é mulher tesa...
Quando viu o Chico rua abaixo,
Rua acima atracado a uma 'pirua'
Uma garina de resto bem conhecida
Daquelas que faz p'la vida
E ela toda pimpante... e ele todo galante

Veio-lhe á boca o ciúme 
E a navalha foi lume brilhando de raiva
Todo este bairro, que saiba, 
Que os dois que ali vão
Vão ter de morrer
Ai, vai correr muito sangue, eu esfolo
Estrafego, eu pego nos dois
Atiro as carcaças ao rio 
E nem olho p'ra trás

Tudo isto faz alarido 
E o Chico já ferido só tenta dizer:
Glória, que fazes
Que morro sem quase ter 
Tempo de me arrepender
Dá-me uma oportunidade 
E nesta cidade, eu prometo ser teu
Eu quero morrer no mar alto 
E depois ir pró céu

Mãos homicidas, amanticidas
Assim eram se não fosse
O olhar doce por um instante 
Desse homem tão inconstante
Mãos que da Glória têm o nome 
E em seu nome vão amar
Eu fico gago com o afago 
Que essas mãos souberam dar

E o afagar dessas mãos 
Já desenha na pele a promessa futura
Jura, vá jura que és todo meu 'té ao fim
Todo, todo de mim
Glória, vou desembarcar dessa vida 
Em que andava á deriva no amor
Chico, os meus braços de mar 
Dão-te abrigo e calor

E assim acaba esta história; 
O Chico e a Glória está bom de se ver
Ambos com vidas atrás
Vão atrás de uma vida em que é tudo viver
Quem fala assim não é gago
Não quero voltar a um assunto encerrado
Mas... digam-me lá 
Se eu não sou gago e canto o fado

Porto de abrigo

Eduardo Ramos de Morais / Jaime Santos *fado alvito*
Repertório de Ana Marina

És o meu porto de abrigo
Onde esqueço em segurança
O rigor da tempestade;
O caminho percorrido
A dois, com a confiança
De um amor feito verdade

Gaivota do meu voar
Brisa da minha maresia 
Que me faz sentir mais forte
Da minha noite és luar
O meu sol de cada dia 
A minha estrela do norte

Meu corpo anda em viagem
Por teu corpo feito mar 
Feito chama de paixão
E transborda á minha margem
Esta torrente de amar 
O rio do meu coração

Amigo, marido, amante
És o melhor conselheiro 
Das horas boas e más
Dizer não será bastante
Que te amo, companheiro 
Mas de mais não sou capaz

Mulher coragem

Fernando Campos de Castro / Antonio Chaínho
Repertório de Natércia Maria

Sobre um palco improvisado, cantei fado
E das minha emoções, fiz mil canções
Vivi horas d’esperança
Fui mulher e fui criança
Tive sonhos e paixões

Artista em viagem por terras estranhas
Por longas estradas sofri solidão
Mulher de coragem, andei à deriva
Mas soube estar viva no mar da canção

Com poetas na bagagem, fui mensagem
Por aldeias de amizade, fiz saudade
E em cada melodia
Pus a cor desta alegria
Sem fronteiras nem idade

Pus a alma de quem canta na garganta
Fui canção e fui raiz do meu país
Pela margem do meu corpo
Passeou tanto desgosto
Mas cantando sou feliz

Há sempre um tempo na vida

Vasco de Lima Couto / Jorge Barradas
Repertório de Fernando João
Existe, já editada neste blogue, outra versão deste tema
com música de Fontes Rocha e interpretação de Vasco Rafael

Cansado de partir e ficar só
Ao tempo da viagem do meu dia
Olhei aquela esquina onde os teus olhos
Mediram a distância 
Com os olhos da alegria

Anda o luar a respirar as horas
No momento em que Deus 
Motiva as plantas
E foi assim que a nossa vida inteira
Cantou a luz do amor
Que é mais amor quando tu cantas

Há sempre um tempo na vida
Em que a vontade perdida 
Volta a ser vontade nova
Porque Deus criou a sina
E fez de toda essa esquina
Um horizonte e uma trova

Cada palavra chegada
Era em nós a madrugada
Toda no vento vestida
E p'ra ser amor e fado
Corpo a corpo, lado a lado
Há sempre um tempo na vida

Fado do Campo Grande

Ary dos Santos / Victorino de Almeida
Repertório de Carlos do Carmo

A minha velha casa
Por mais que eu sofra e ande
É sempre um golpe de asa
Varrendo um Campo Grande
Aqui no meu país
Por mais que a minha ausência doa
É que eu sei que a raiz de mim
Está em Lisboa

A minha velha casa
Resiste no meu corpo
E arde como brasa 
Dum corpo nunca morto
A minha velha casa 
É um regresso à procura
Das origens da ternura
Onde o meu ser perdura

Amiga amante, amor distante

Lisboa é perto, e não bastante
Amor calado, amor avante

Que faz do tempo apenas um instante

Amor dorido, amor magoado

E que me dói no fado... amor magoado
Amor sentido mas jamais cansado

Amor vivido... meu amor amado

Um braço é a tristeza
O outro é a saudade
E as minhas mãos abertas 
São o chão da liberdade
A casa a que eu pertenço
Viagem para a minha infância
É o espaço em que eu venço 
O tempo da distância

E volto à velha casa 
Porque a esperança resiste
A tudo quanto arrasa 
Um homem que for triste
Lisboa não se cala
E quando fala é minha chama
Meu Castelo, minha Alfama
Minha pátria, minha cama

Ai, Lisboa, como eu quero
É por ti que eu desespero

Só a morte de passagem

João Fezas Vital / Joaquim Campos *fado puxavante*
Repertório de Teresa Siqueira

Deixaremos aberta a porta
Quando o frio é lá de fora
Ser senhores da noite morta
E do medo que lá mora;
Obriga o corpo sem dono
A desabrigos de hora

Cachos de uva madura 
Teu corpo de lentidão
Lume aceso que perdura 
O tempo da solidão;
Segredos de água pura 
Que trago em cada mão

Meu amor, minha verdade 
Caso de ser sol oculto
Lá fora a noite é cidade 
E a cidade é um insulto

Porta aberta, grande estrada 
Em delírio de viagem
Não a feches, não foi nada 
Só a morte de passagem

Há sempre um tempo na vida

Vasco de Lima Couto / Fontes Rocha
Repertório de Vasco Rafael
Existe, já editada neste blogue, outra versão deste tema
com música de Jorge Barradas e interpretação de Fernando João

Cansado de partir e ficar só
Ao tempo da viagem do meu dia
Olhei aquela esquina onde os teus olhos
Mediram a distância da alegria

Andava o luar a resguardar as horas
No regaço em que Deus motiva as plantas
E foi assim, que a nossa vida inteira
Criou o mar do amor onde tu cantas


Há sempre um tempo na vida 
Onde a vontade perdida
Volta a ser vontade nova
Porque a dor parou a sina
E fez de toda essa esquina
Um horizonte, uma trova

Cada palavra chegada 
Era em nós a madrugada 
Toda no ventre vestida
Pois p’ra ser amor e fado
Corpo a corpo lado a lado
Há sempre um tempo na vida

Agora, cada noite é uma procura
Do que fomos perdendo pela estrada
E cada gesto preso pela ausência
É um sonho a abrir a madrugada

Se me dizes amor, o amor começa
Nesse instante de luz que me vens dar
Encontrei-me sem nome nessa rua
E hoje os teus olhos são o meu lugar

A tarde já morreu nesta varanda

Diogo Clemente / Fernando Freitas *fado pena*
Repertório de Raquel Tavares

A tarde já morreu nesta varanda
As sombras que se alongam, vão morrer
Depois da tarde, surge a noite branda
Ao certo, tudo surge sem se ver

Tal como a madrugada me surgia
Surgiste como um beijo arrematado
Por alguém que chegou e que partiu
De mim p'ra mim, e em mim ficou parado

Alguém que certamente me adivinha
No ante dos dizeres que nunca digo
Que trás o mar nos braços á noitinha
E tem-me o corpo inteiro como abrigo

Por ver em cada noite uma viagem
Como água que a saudade me alivia
Eu quero estar contigo nesta margem
E fico na varanda até ser dia

Em quatro luas

Aldina Duarte / António Zambujo
Repertório de António Zambujo

À janela corre o tempo
Na memória o esquecimento
E a vontade de ficar
Em teus braços distraídos
Entreabertos nos sentidos
Do teu corpo a meditar

O desejo que esqueci
Dorme agora ao pé de ti
No teu sonho a murmurar
Guardo a luz da tua pele
Duas rosas, vinho e mel
Quatro luas sobre o mar

Volto atrás nesta viagem
À procura da coragem
Que renasce de te ver
No regresso da saudade
Eu encontro a felicidade
Que por ti vou aprender

A manhã é uma andorinha

Vasco de Lima Couto / Alfredo Duarte *mocita dos caracóis*
Repertório de Amália

A manhã é uma andorinha
Que se esqueceu da viagem
E voa em meu pensamento
Trazendo a cada momento
A noite na tua imagem

O dia lá fora é o dia
Que marca os passos no chão
Mas é tão cedo este amor
Que eu fecho tudo em redor
Das praias do coração

Ponho as mãos sobre o teu corpo
E, no instante de sonhar
Se o teu amor me encaminha
A manhã é uma andorinha
Que se lembrou de ficar

Fado manguela

Ary dos Santos / José Mário Branco 
Repertório de Carlos do Carmo 

O Porto é porta do meu rio 
Douro-viagem, Douro-casario 
Ganhei-o e perdi-o na ponte desafio
 
Água de barro correndo 
Lavando o corpo do Barredo 
Mágoa que foste crescendo 
Numa cidade sem medo 

No gosto do meu sarrabulho 
Eu fiz das tripas coração
E depois comi barulho 
Só por ter dito que não

O Porto não é só Ribeira
É Miragaia, Bessa, Fontaínhas 
Mas tem esta maneira 
De as ruas serem minhas 

Parto de um rio de vinho aportado 
Há quanto tempo estás ancorado 
Ai!... não te esqueças do mar a teu lado 
Porto dormido, Porto acordado;
Porto perdido mas encontrado

Agora sim, sei da ternura
Que tu me dás em cada palavrão
Tão verde e tão madura
Alho-porro, São João

Alma de um rio às portas do mar 
Foz dos meus olhos, grandes janelas
Onde se põe a tristeza a secar
Roupas de dentro, coisas singelas
Na corda bamba dos teus manguelas

O Porto não é só Ribeira
É Miragaia, Bessa, Fontaínhas
Mas tem essa maneira 
De jogar ás fintinhas

Hoje

Diogo Clemente / José António Sabrosa 
Repertório de Sara Correia

Hoje eu peço que me entendas
Que nos valha algum amor
No adeus tudo é preciso
Não me beijes nem me prendas
Não se turve a minha dor
No teu olhar indeciso

Hoje sei dos meus caminhos
Já corri muitas moradas 
A procurar o meu nome
Nunca foram tão sozinhos
Meus olhos de tantos nadas 
Nem tão grande a minha fome

Hoje a vida é mais pesada
Escreve-me o corpo de medos 
Tatuagens de incerteza
É das mãos da madrugada
Da solidão dos teus dedos 
Que se desenha a tristeza

Hoje eu digo tudo isto
Que sigo a minha viagem 
Que o que foi já se desfez
E diria que desisto
Se houvesse em mim a coragem 
De ser sincera uma vez

Criança de todos nós

Torre da Guia / Fernando Tordo *fado meu corpo*
Repertório de Alfredo Guedes


Criança, verbo para começar
A ouvir e a falar... o vento
Criança, asa nova de partida
Para a viagem da vida... no tempo

Teus olhos duas meigas abelhinhas
Nos favos das adivinhas... de mel
Sonhando que o fel é sempre doce
Como se o fel não fosse... de fel

Sementes 
Em seara de ilusão
Deixa-as o homem no chão
Para o vento dispersar
Tão fortes
Que mesmo assim pequeninas
Rompem raízes sozinhas
Que ninguém pode arrancar

Criança, pensamento renovado
De quem vive acorrentado... ao cais
Esperança que se faz pela revolta
Desse tempo que não volta... jamais

Mãozitas com destinos sem fronteiras
Amarradas nas barreiras... tão cedo
Brincando aos soldadinhos de guerra
Por entre as grades da terra... sem medo

Quem me dera ser o fado

Rui Manuel / Alfredo Duarte *fado menor-versículo*
Repertório de Maria da Nazaré 

Quem me dera ser o fado que tu cantes
Nas vielas da tristeza ou da alegria
Quando estamos de tão perto, tão distantes
Que as palavras não nos fazem companhia

Quem me dera ser o fado e tua boca
Numa entrega repetida em cada verso
Diz-me o corpo que esta entrega nos é pouca
Porque a vida é uma viagem sem regresso

Quem me dera ser o fado que não sou
Quando quero dizer não ao desalento
Quando quero estar contigo onde não estou
E descubro que é de ti que me alimento

Quem me dera ser o fado que procuras
Nas ruínas poeirentas do passado
P’ra roubarmos ao futuro uma aventura
Quem me dera meu amor, ser o teu fado