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Fado chorado

Mário Rainho / Alfredo Marceneiro
Repertório de Fernando Jorge Amaral


Eu não chorei ao nascer
Dei um grito, foi de espanto
Como estivesse a prever
Que me ia acontecer
Toda uma vida de pranto


Pranto, por dentro, chorado 
A alma queimada e o rosto
Culpa dum choro salgado
Por, na vida, ter andado 
Só de desgosto em desgosto

Queria acender alegrias 
Subi-las ao universo
Mas as minhas poesias
Cantavam, só, elegias 
Choravam em cada verso

As lágrimas desmaiavam 
Nas rimas-ondas, sem cor
E os poemas se alagavam
Por verem que me cercavam
Analfabetos de amor

Eu não chorei ao nascer 
Dei um grito, foi de espanto
Eu estou vivo, podem crer
Mas já não choro-a-valer 
Porque sequei o meu pranto