Nuno Júdice / Franklin Godinho
Repertório de Ricardo Ribeiro
Queria dançar contigo
Levar-te à lua mais alta
Esquecer campa e jazigo
Não pensar que fazes falta
Via o fim à nossa volta
Mesas de grupos vencidos
Mas nós os dois em revolta
Falando de heróis traidos
Bebia p’la tua boca
Todo o vinho desta vida
Na noite mais funda e louca
Não te via já tão perdida
Acendias o cigarro
Que eu fumava até ao fim
E tudo a que me agarro
Não voltou a ser assim
Muda o tempo dia a dia
É uma sombra o teu fado
E a tua lembrança fria
Uma pedra no passado
O nosso lugar
Letra e música de Fábia Rebordão
Repertório da autora
Acordei de manhã
Já não estavas comigo aqui
Levantei-me da cama
Espreitei, mas não te vi;
Não dobraste o pijama
Saíste sem avisar
Daqui do nosso lugar
Eu pensei que era fácil
Se entre nós há amor demais
Porque é tão difícil
Concordarmos com coisas banais?
Se por vezes reclamo
Não ligues, eu sou mesmo assim
Assim, mas eu gosto de ti
O relógio da sala
Conta as horas tão devagar
Não levaste a mala
Reparei, estava no lugar;
0 meu peito em soluços
Descansou, não estava a contar
Que tu pudesses voltar
Eram cinco p'rás quatro
Quando a porta então bateu
Tu chegaste mansinho
Encostaste o teu rosto no meu
E disseste baixinho:
Não ligues, eu sou mesmo assim
Assim, mas eu gosto de ti"
Repertório da autora
Acordei de manhã
Já não estavas comigo aqui
Levantei-me da cama
Espreitei, mas não te vi;
Não dobraste o pijama
Saíste sem avisar
Daqui do nosso lugar
Eu pensei que era fácil
Se entre nós há amor demais
Porque é tão difícil
Concordarmos com coisas banais?
Se por vezes reclamo
Não ligues, eu sou mesmo assim
Assim, mas eu gosto de ti
O relógio da sala
Conta as horas tão devagar
Não levaste a mala
Reparei, estava no lugar;
0 meu peito em soluços
Descansou, não estava a contar
Que tu pudesses voltar
Eram cinco p'rás quatro
Quando a porta então bateu
Tu chegaste mansinho
Encostaste o teu rosto no meu
E disseste baixinho:
Não ligues, eu sou mesmo assim
Assim, mas eu gosto de ti"
Do silêncio saímos
Letra e música de Fernando Tordo
Repertório de Ricardo Ribeiro
Fala-me dos tempos que já foram
Fala-me daqueles que já não estão
Conta-me da pena que nos faz
Que só estejamos nós e outros não
Mas viva a vida esta que ainda temos
O riso, o amor, por dentro e por fora
O futuro que nunca aprendemos
Mas sendo sábios do que é sermos agora
Do silêncio saímos cheios de versos
E com versos fizemos as cantigas
Que nos lembram momentos tão dispersos
Que não há cantigas velhas, só cantigas
Conta-me dos passados recentes
Fala-me dos sonhos, se quiseres
Que eu digo-te das dívidas que temos
Do quanto nós devemos às mulheres
Diz-me das paisagens dos caminhos
Das montanhas dos desertos e das flores
Fala-me de não estarmos sózinhos
Conta-me a verdade dos amores
Repertório de Ricardo Ribeiro
Fala-me dos tempos que já foram
Fala-me daqueles que já não estão
Conta-me da pena que nos faz
Que só estejamos nós e outros não
Mas viva a vida esta que ainda temos
O riso, o amor, por dentro e por fora
O futuro que nunca aprendemos
Mas sendo sábios do que é sermos agora
Do silêncio saímos cheios de versos
E com versos fizemos as cantigas
Que nos lembram momentos tão dispersos
Que não há cantigas velhas, só cantigas
Conta-me dos passados recentes
Fala-me dos sonhos, se quiseres
Que eu digo-te das dívidas que temos
Do quanto nós devemos às mulheres
Diz-me das paisagens dos caminhos
Das montanhas dos desertos e das flores
Fala-me de não estarmos sózinhos
Conta-me a verdade dos amores
Meus sonhos proibidos
Artur Ribeiro / Cavalheiro Júnior *fado porto*
Repertório de Maria Valejo
No dia em que dei por ti
O que até então vivi
Varreu-se dos olhos meus
Saiu da minha memória
E agora só tenho história
A partir dos olhos teus
Os sonhos mais proibidos
Foram todos atendidos
Duma maneira tão louca
Dum modo tão absurdo
Que me fez esquecer de tudo
A partir da tua boca
Tudo o que não for contigo
Não tem nada a ver comigo
Nem mora na minha voz
E até nos fados que canto
Tu ficas ali ao canto
Ouvindo falar de nós
Repertório de Maria Valejo
No dia em que dei por ti
O que até então vivi
Varreu-se dos olhos meus
Saiu da minha memória
E agora só tenho história
A partir dos olhos teus
Os sonhos mais proibidos
Foram todos atendidos
Duma maneira tão louca
Dum modo tão absurdo
Que me fez esquecer de tudo
A partir da tua boca
Tudo o que não for contigo
Não tem nada a ver comigo
Nem mora na minha voz
E até nos fados que canto
Tu ficas ali ao canto
Ouvindo falar de nós
O xaile
Letra de Artur Soares Pereira
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Este meu xaile velhinho
Sobre os meus ombros traçado
Tem palmilhado o caminho
Que eu já palmilhei no Fado
Não o deixo um só momento
É meu conselheiro e guia
Conto-lhe o meu sofrimento
Conto-lhe a minha alegria
Põe meu peito em alvoroço
Põe minha alma a vibrar
Sem ele, cantar não posso
Sem ele, não sei cantar
É o meu maior amigo
Na alegria ou desventura
Quando eu morrer vai comigo
Para a minha sepultura
Se eu pudesse, bem à vista
Na minha campa gravava
Aqui jaz uma fadista
E o xaile com que cantava
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Este meu xaile velhinho
Sobre os meus ombros traçado
Tem palmilhado o caminho
Que eu já palmilhei no Fado
Não o deixo um só momento
É meu conselheiro e guia
Conto-lhe o meu sofrimento
Conto-lhe a minha alegria
Põe meu peito em alvoroço
Põe minha alma a vibrar
Sem ele, cantar não posso
Sem ele, não sei cantar
É o meu maior amigo
Na alegria ou desventura
Quando eu morrer vai comigo
Para a minha sepultura
Se eu pudesse, bem à vista
Na minha campa gravava
Aqui jaz uma fadista
E o xaile com que cantava
Chave da memória
Letra e música de Carminho
Repertório de Ricardo Ribeiro
Se julgas ter a chave da memória
Guardada pra servir a tua vida
Erraste pois lembrar a tua história
Não é escolha que dês por garantida
E mesmo quando falta te fizer
Toda a experiência que a vida te deu
Darás por ti rezando por manter
A bendita memória do que é teu
Há dias em que sentirás saudade
Que tinhas daquele tão distante amor
Só por andares tu livre p’la cidade
E a avenida já estiver toda em flor
Desconcertadamente lembrarás
Passado que te foi perda ou vitória
E sem controlo compreenderás
Que tu não tens a chave da memória
Repertório de Ricardo Ribeiro
Se julgas ter a chave da memória
Guardada pra servir a tua vida
Erraste pois lembrar a tua história
Não é escolha que dês por garantida
E mesmo quando falta te fizer
Toda a experiência que a vida te deu
Darás por ti rezando por manter
A bendita memória do que é teu
Há dias em que sentirás saudade
Que tinhas daquele tão distante amor
Só por andares tu livre p’la cidade
E a avenida já estiver toda em flor
Desconcertadamente lembrarás
Passado que te foi perda ou vitória
E sem controlo compreenderás
Que tu não tens a chave da memória
Nunca mais
Letra e música de Agir
Repertório de Fábia Rebordão
Nunca mais, nunca mais
Nunca mais, nunca mais
Provei o teu beijo
Mas ainda o vejo
Quando os olhos fecham
Nunca mais, nunca mais
Direi que é tarde demais
E o vento que sopre
Mesmo que não voltes
Nunca mais
Se eu soubesse,se eu soubesse
Não tinha deixado o peito aberto
Que de tão aberto, acabou fechado
Deixei-te ir embora
Deixei fugir e agora
Quem diria que eu um dia iria mudar
Quem diria, e eu não sabia, que ia acabar
Deixei-te ir embora
Deixei fugir e agora
Vou deixar de dizer que te quero
P'ra nunca mais ter de dizer
Nunca mais, nunca mais
Direi que é tarde demais
P’ra ter o teu beijo
Mas ainda o vejo
Nunca mais
Repertório de Fábia Rebordão
Nunca mais, nunca mais
Nunca mais, nunca mais
Provei o teu beijo
Mas ainda o vejo
Quando os olhos fecham
Nunca mais, nunca mais
Direi que é tarde demais
E o vento que sopre
Mesmo que não voltes
Nunca mais
Se eu soubesse,se eu soubesse
Não tinha deixado o peito aberto
Que de tão aberto, acabou fechado
Deixei-te ir embora
Deixei fugir e agora
Quem diria que eu um dia iria mudar
Quem diria, e eu não sabia, que ia acabar
Deixei-te ir embora
Deixei fugir e agora
Vou deixar de dizer que te quero
P'ra nunca mais ter de dizer
Nunca mais, nunca mais
Direi que é tarde demais
P’ra ter o teu beijo
Mas ainda o vejo
Nunca mais
Purinha
Maria do Rosário Pereira / Frederico de Brito *fado azenha*
Repertório de Ricardo Ribeiro
Chegaste e eras tão bonita
Que o meu olhar encantado
Viu na menina a mulher
Foste a imagem bendita
Que acorda um homem cansado
Da vida que já não quer
Se eu soubesse que existias
Bem me teria guardado
Para ser teu e só teu
Mas na lonjura dos dias
Eu tinha dado o meu fado
A quem seu fado me deu
O beijo que me pediste
E que eu te dei, que loucura
Foi o começo e o fim
E de alegre me fiz triste
Por saber que assim tão pura
Não devias ser p'ra mim
Hoje ninguém acredita
Que eu pudesse ter recusado
Ser o teu primeiro amor
Mas, sendo tu tão bonita
Quase parecia pecado
Que não tivesses melhor
Repertório de Ricardo Ribeiro
Chegaste e eras tão bonita
Que o meu olhar encantado
Viu na menina a mulher
Foste a imagem bendita
Que acorda um homem cansado
Da vida que já não quer
Se eu soubesse que existias
Bem me teria guardado
Para ser teu e só teu
Mas na lonjura dos dias
Eu tinha dado o meu fado
A quem seu fado me deu
O beijo que me pediste
E que eu te dei, que loucura
Foi o começo e o fim
E de alegre me fiz triste
Por saber que assim tão pura
Não devias ser p'ra mim
Hoje ninguém acredita
Que eu pudesse ter recusado
Ser o teu primeiro amor
Mas, sendo tu tão bonita
Quase parecia pecado
Que não tivesses melhor
Que maneira de gostar
Artur Ribeiro / João do Carmo de Noronha *fado joão*
Repertório de Maria Valejo
Tu dizes sentir por mim
Amor como tu lhe chamas
Se tu amando és assim
O que serás se não amas
Se amando fazes de conta
Que és meu rei e senhor
Diz-me lá a quanto monta
Esse teu profundo amor
A tua forma de amar
É da minha tão diferente
Que não sei avaliar
Esse teu amor ardente
P’ra te falar com franqueza
Depois das coisas que vi
Até nem tenho a certeza
Se tu gostarás de ti
Por muito que tu apostes
Que sou o teu maior bem
O mais certo é que não gostes
Nem de mim nem de ninguém
Repertório de Maria Valejo
Tu dizes sentir por mim
Amor como tu lhe chamas
Se tu amando és assim
O que serás se não amas
Se amando fazes de conta
Que és meu rei e senhor
Diz-me lá a quanto monta
Esse teu profundo amor
A tua forma de amar
É da minha tão diferente
Que não sei avaliar
Esse teu amor ardente
P’ra te falar com franqueza
Depois das coisas que vi
Até nem tenho a certeza
Se tu gostarás de ti
Por muito que tu apostes
Que sou o teu maior bem
O mais certo é que não gostes
Nem de mim nem de ninguém
Orgulhosos
Letra de Linhares Barbosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Letra publicada no jornal “Guitarra de Portugal” de 29 de Março de 1928
Os “c’roa ou graxa”, coitados
Que nas valetas da Baixa
Vivem a rir e a cantar
Trabalham ajoelhados
Fazendo da suja caixa
O seu verdadeiro altar
Boina rota, posta a jeito
Fato de ganga ou caqui
Em bandos, como uma praga
Alegram meia Lisboa
Ó vossência engraxe aqui
Se não ficar bem não paga
Alguns deles, conheci-os
Vadiavam, desprezados
Eram pequenos ladrões
Deixaram de ser vadios
Não roubam mas são roubados
Pois pagam contribuições
Que viver! Que liberdade!
Alguns são tão pequeninos
E têm tanta esperteza
Que a gente sente vontade
De trazer esses bambinos
P’ra os pôr em cima da mesa
Têm orgulho os gaiatos
No seguinte: é que os janotas
Quando lhes dão a engraxar
Os luxuosos sapatos
E as luxuosas botas
Precisam de se curvar
O Estado fá-los pagar
A cruel contribuição
E o que eles ganham com a graxa
A Lei lá lho vai buscar
Pode não chegar p’ra pão
Mas tem de chegar p’ra a taxa
Os ledos engraxadores
Os pobres industriais
Ladinos e desdenhados
Fazem curvar os senhores
Tenho visto generais
Limpando os pés... mas... curvados
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Letra publicada no jornal “Guitarra de Portugal” de 29 de Março de 1928
Os “c’roa ou graxa”, coitados
Que nas valetas da Baixa
Vivem a rir e a cantar
Trabalham ajoelhados
Fazendo da suja caixa
O seu verdadeiro altar
Boina rota, posta a jeito
Fato de ganga ou caqui
Em bandos, como uma praga
Alegram meia Lisboa
Ó vossência engraxe aqui
Se não ficar bem não paga
Alguns deles, conheci-os
Vadiavam, desprezados
Eram pequenos ladrões
Deixaram de ser vadios
Não roubam mas são roubados
Pois pagam contribuições
Que viver! Que liberdade!
Alguns são tão pequeninos
E têm tanta esperteza
Que a gente sente vontade
De trazer esses bambinos
P’ra os pôr em cima da mesa
Têm orgulho os gaiatos
No seguinte: é que os janotas
Quando lhes dão a engraxar
Os luxuosos sapatos
E as luxuosas botas
Precisam de se curvar
O Estado fá-los pagar
A cruel contribuição
E o que eles ganham com a graxa
A Lei lá lho vai buscar
Pode não chegar p’ra pão
Mas tem de chegar p’ra a taxa
Os ledos engraxadores
Os pobres industriais
Ladinos e desdenhados
Fazem curvar os senhores
Tenho visto generais
Limpando os pés... mas... curvados
Quem sou na tua vida
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *fado tango*
Repertório de Maria Valejo
Quem sou eu na tua vida
Diz-me por que ao mundo vim
Diz à minh’alma sentida
Quem sou eu na tua vida
Eu que já nem sei de mim
Quem sou eu nos sonhos teus
Eu que só sonho contigo
Às vezes pergunto a Deus
Quem sou eu nos sonhos teus
Mas Deus não fala comigo
Dorme alguém nos teus sentidos
Ou não dorme lá ninguém
Nos teus sonhos proibidos
Dorme alguém nos teus sentidos
E nos teus braços também
Quem sou afinal de contas
Tenho lugar no teu fado
Se não são perguntas tontas
Quem sou afinal de contas
Quando vou contigo ao lado
Repertório de Maria Valejo
Quem sou eu na tua vida
Diz-me por que ao mundo vim
Diz à minh’alma sentida
Quem sou eu na tua vida
Eu que já nem sei de mim
Quem sou eu nos sonhos teus
Eu que só sonho contigo
Às vezes pergunto a Deus
Quem sou eu nos sonhos teus
Mas Deus não fala comigo
Dorme alguém nos teus sentidos
Ou não dorme lá ninguém
Nos teus sonhos proibidos
Dorme alguém nos teus sentidos
E nos teus braços também
Quem sou afinal de contas
Tenho lugar no teu fado
Se não são perguntas tontas
Quem sou afinal de contas
Quando vou contigo ao lado
E conta quem eu sou
Francisco Guimardes / Angelo Freire
Repertório de Ricardo Ribeiro
Tudo me prende à terra onde me dei
Tudo se acende ao pé donde morei
Mudo me torno em torno donde amei
Mas adormeço e sonho onde chorei
Fui vento e mar que foi e enfim voltou
Um rio que ocorre e corre sem morrer
A flor que emerge e morre por nascer
Como um lugar que a sós, assim ficou
Sobrou o vento e tudo o que ele deixou
Nomes e datas escritas na madeira
E no lugar da minha cabeceira
Há uma criança e conta quem eu sou
E no caminho o aroma se mantém
Resiste a casa, o resto que sustém
Uma janela, um pai e uma mãe
Mas quando acordo e o sono se detém;
Abro uma porta e mesmo sem ver bem
Eu vejo, já não mora lá ninguém
Repertório de Ricardo Ribeiro
Tudo me prende à terra onde me dei
Tudo se acende ao pé donde morei
Mudo me torno em torno donde amei
Mas adormeço e sonho onde chorei
Fui vento e mar que foi e enfim voltou
Um rio que ocorre e corre sem morrer
A flor que emerge e morre por nascer
Como um lugar que a sós, assim ficou
Sobrou o vento e tudo o que ele deixou
Nomes e datas escritas na madeira
E no lugar da minha cabeceira
Há uma criança e conta quem eu sou
E no caminho o aroma se mantém
Resiste a casa, o resto que sustém
Uma janela, um pai e uma mãe
Mas quando acordo e o sono se detém;
Abro uma porta e mesmo sem ver bem
Eu vejo, já não mora lá ninguém
O outro lado da viela
Fábia Rebordão / Alfredo Duarte *fado cravo*
Repertório de Fábia Rebordão
Eu sabia que tu estavas
Na viela, onde me olhavas
Sob a luz dum candeeiro
Sentia no teu olhar
Enfeitiçado ao passar
Que era nosso o fado inteiro
Senti vaidoso o teu ar
Que desdenha e quer comprar
Que qualquer homem assume
Passaste por mim, olhaste
Acenaste e tentaste
O convite do costume
Sem resposta p’ra te dar
No meu rosto de chorar
Mostrei desgosto e descrença
Foste embora amargurado
Que a história de cada fado
Nem sempre é o que se pensa
Ainda tenho tão presente
Como quem olha e que sente
Um amor que ali perdi
A pena que nos desgarra
Como cordas de guitarra
Num fado a falar de ti
Repertório de Fábia Rebordão
Eu sabia que tu estavas
Na viela, onde me olhavas
Sob a luz dum candeeiro
Sentia no teu olhar
Enfeitiçado ao passar
Que era nosso o fado inteiro
Senti vaidoso o teu ar
Que desdenha e quer comprar
Que qualquer homem assume
Passaste por mim, olhaste
Acenaste e tentaste
O convite do costume
Sem resposta p’ra te dar
No meu rosto de chorar
Mostrei desgosto e descrença
Foste embora amargurado
Que a história de cada fado
Nem sempre é o que se pensa
Ainda tenho tão presente
Como quem olha e que sente
Um amor que ali perdi
A pena que nos desgarra
Como cordas de guitarra
Num fado a falar de ti
Novo horizonte
Carlos Baleia / António Machado
Repertório de Ana Margarida
Novas coisas em Lisboa
Agitam esta cidade
Não há lugar p'rá canoa
Vai de férias a saudade
Começa o riso em Marvila
Vai até aos Olivais
Lisboa está mais reguila
Se tem muito ‘inda quer mais
De braços no ar em onda contente
Não sabe cantar para pouca gente;
Ninguém tem inveja de tanta alegria
E corre a cerveja até vir o dia;
Com outro milénio mesmo a começar
Ela ganha o prémio por saber sonhar
Com o rio mesmo à beira
Com um barco e outra ponte
Ficou agora à maneira
E eu nem sei se vos conte
Ninguém trava esta cidade
E nada a pode parar
Apenas há a saudade
Do que está para chegar
Repertório de Ana Margarida
Novas coisas em Lisboa
Agitam esta cidade
Não há lugar p'rá canoa
Vai de férias a saudade
Começa o riso em Marvila
Vai até aos Olivais
Lisboa está mais reguila
Se tem muito ‘inda quer mais
De braços no ar em onda contente
Não sabe cantar para pouca gente;
Ninguém tem inveja de tanta alegria
E corre a cerveja até vir o dia;
Com outro milénio mesmo a começar
Ela ganha o prémio por saber sonhar
Com o rio mesmo à beira
Com um barco e outra ponte
Ficou agora à maneira
E eu nem sei se vos conte
Ninguém trava esta cidade
E nada a pode parar
Apenas há a saudade
Do que está para chegar
Por cada sonho
Artur Ribeiro / Alfredo Duarte *fado bailado*
Repertório de Vasco Rafael
Por cada sonho desfeito
Cada lágrima caída
Por cada amor sem direito
Nascido dentro do peito
São menos anos de vida
Por cada sonho trazido
Dos sonhos da mocidade
Por cada beijo traído
Por cada amor sem sentido
Cada fado de saudade
Por cada sonho diferente
Que morre feito desgosto
É ness’altura que a gente
Dá conta que o sonho mente
E deixa rugas no rosto
Quando mesmo assim transponho
Essa linha imaginada
Quando ter tudo suponho
No final de cada sonho
Acordo de mãos sem nada
Repertório de Vasco Rafael
Por cada sonho desfeito
Cada lágrima caída
Por cada amor sem direito
Nascido dentro do peito
São menos anos de vida
Por cada sonho trazido
Dos sonhos da mocidade
Por cada beijo traído
Por cada amor sem sentido
Cada fado de saudade
Por cada sonho diferente
Que morre feito desgosto
É ness’altura que a gente
Dá conta que o sonho mente
E deixa rugas no rosto
Quando mesmo assim transponho
Essa linha imaginada
Quando ter tudo suponho
No final de cada sonho
Acordo de mãos sem nada
Meu rio, meu pão de trigo
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu rio, meu pão de trigo
Meu fruto, meu vinho novo
Meu gesto, meu verso antigo
Cravo que trago comigo
Maria, mulher do povo
Corpo de sol e sargaço
Areal ao mar doado
Promessa dum novo espaço
Carne dos mundos que traço
Fora das leis do pecado
Meu barco, minha aventura
Meu riso, minha verdade
Céu aberto em noite escura
Meu morrer, minha loucura
Maria, minha cidade
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Meu rio, meu pão de trigo
Meu fruto, meu vinho novo
Meu gesto, meu verso antigo
Cravo que trago comigo
Maria, mulher do povo
Corpo de sol e sargaço
Areal ao mar doado
Promessa dum novo espaço
Carne dos mundos que traço
Fora das leis do pecado
Meu barco, minha aventura
Meu riso, minha verdade
Céu aberto em noite escura
Meu morrer, minha loucura
Maria, minha cidade
Aos quatro ventos
*Como não acreditas*
Artur Ribeiro/ João Blak*menor do porto*
Repertório de Lenita Gentil
As duas últimas estrofes não foram gravadas
Não acreditas, pois não
Então tomo a liberdade
De dizer toda a verdade
Que me vai no coração
Posso falar da tortura
Que a tua ausência me traz
Pois sei de fonte segura
Que nunca acreditarás
Sendo assim sempre me atrevo
A confessar o que sinto
Pois sei que pensas que minto
E é falso tudo o que escrevo
Se eu cantar aos quatro ventos
Minha canção de saudade
Tu dirás que ouviste centos
De canções com mais verdade
Se eu chorar pedindo a Deus
Que termine este abandono
Vais achar que os olhos meus
Andam vermelhos de sono
Mas se a minha voz amua
E afirma chegar o fim
Gritarás de rua em rua
Mentira gosta de mim
Artur Ribeiro/ João Blak*menor do porto*
Repertório de Lenita Gentil
As duas últimas estrofes não foram gravadas
Não acreditas, pois não
Então tomo a liberdade
De dizer toda a verdade
Que me vai no coração
Posso falar da tortura
Que a tua ausência me traz
Pois sei de fonte segura
Que nunca acreditarás
Sendo assim sempre me atrevo
A confessar o que sinto
Pois sei que pensas que minto
E é falso tudo o que escrevo
Se eu cantar aos quatro ventos
Minha canção de saudade
Tu dirás que ouviste centos
De canções com mais verdade
Se eu chorar pedindo a Deus
Que termine este abandono
Vais achar que os olhos meus
Andam vermelhos de sono
Mas se a minha voz amua
E afirma chegar o fim
Gritarás de rua em rua
Mentira gosta de mim
Sinto-me portuguesa
Letra de João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Eu sinto-me portuguesa
Desde a alma ao coração
A cantar sinto a nobreza
Do povo e da tradição
Foi nas terras mais castiças
Que o fado me deslumbrou
Ao ouvir velhos fadistas
Que o destino nos deixou
Gostei desta descoberta
Das festas, dos arraiais
Onde o Fado nos liberta
A sentir cada vez mais
É pois de enorme prazer
De cantar com esta alma
Que Deus me deu ao nascer
Com tempestade e com calma
Eu trago por companhia
Uma guitarra no peito
Quer de noite, quer de dia
Me faz cantar a meu jeito
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Eu sinto-me portuguesa
Desde a alma ao coração
A cantar sinto a nobreza
Do povo e da tradição
Foi nas terras mais castiças
Que o fado me deslumbrou
Ao ouvir velhos fadistas
Que o destino nos deixou
Gostei desta descoberta
Das festas, dos arraiais
Onde o Fado nos liberta
A sentir cada vez mais
É pois de enorme prazer
De cantar com esta alma
Que Deus me deu ao nascer
Com tempestade e com calma
Eu trago por companhia
Uma guitarra no peito
Quer de noite, quer de dia
Me faz cantar a meu jeito
Lisboa amargurada
Carlos Baleia / António Redes Cruz
Repertório de Ana Margarida
Com o vento a empurrar
O seu destino de mar
A caravela zarpou
Ia à vela na lonjura
Por estrada de aventura
Quando Lisboa acordou
Num sofrimento profundo
Quis saber se o novo mundo
o seu destino ia mudar
Mas ninguém lhe respondeu
Só a amargura cresceu
E pôs-lhe mágoa no olhar
Ouviu-se um fado dif’rente
Desconhecido da gente
Que sempre vinha à janela
Um cantar que foi marcado
P'lo sabor do mar salgado
E um leve gosto a canela
Alguém falou de conquistas
E de coisas nunca vistas
Que estarão além do mar
Mas Lisboa amargura
Fica de dor destroçada
E o barco tarda em voltar
Repertório de Ana Margarida
Com o vento a empurrar
O seu destino de mar
A caravela zarpou
Ia à vela na lonjura
Por estrada de aventura
Quando Lisboa acordou
Num sofrimento profundo
Quis saber se o novo mundo
o seu destino ia mudar
Mas ninguém lhe respondeu
Só a amargura cresceu
E pôs-lhe mágoa no olhar
Ouviu-se um fado dif’rente
Desconhecido da gente
Que sempre vinha à janela
Um cantar que foi marcado
P'lo sabor do mar salgado
E um leve gosto a canela
Alguém falou de conquistas
E de coisas nunca vistas
Que estarão além do mar
Mas Lisboa amargura
Fica de dor destroçada
E o barco tarda em voltar
Passei a ser quem sou
Artur Ribeiro / Fernando Freitas *fado noquinhas*
Repertório de Maria Valejo
O meu sonho deixou de ser uma quimera
Depois de teres chegado por fim à minha beira
Passei a ser quem sou ao esquecer quem era
Passei a ser o fado da tua vida inteira
No teu olhar trazias o sol que me faltava
E vinhas tão diferente que logo que te vi
Eu soube que serias o tal que eu esperava
Este sentir-me gente que começou em ti
Vi que a palavra sonho já tem significado
E vi que o meu fadário é ser como tu dizes
Meu fado era tristonho antes de teres chegado
Agora o meu rosário só tem contas felizes
Repertório de Maria Valejo
O meu sonho deixou de ser uma quimera
Depois de teres chegado por fim à minha beira
Passei a ser quem sou ao esquecer quem era
Passei a ser o fado da tua vida inteira
No teu olhar trazias o sol que me faltava
E vinhas tão diferente que logo que te vi
Eu soube que serias o tal que eu esperava
Este sentir-me gente que começou em ti
Vi que a palavra sonho já tem significado
E vi que o meu fadário é ser como tu dizes
Meu fado era tristonho antes de teres chegado
Agora o meu rosário só tem contas felizes
Ninguém pode censurar
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Porque gosto tanto dele
E a causa deste meu querer
Até a Deus perguntei
Penso noite e dia nele
Sem nunca vir a saber
A razão por que o amei
Gosto dele, isso que tem
Ninguém pode censurar
Este amor insatisfeito
Pertence a outras, bem sei
Mas terá sempre lugar
Num cantinho do meu peito
Dizem que foi desordeiro
Que frequentou as vielas
E a desgraça conheceu
Mas é um bom companheiro
Meu e de todas aquelas
Que o adoram como eu
O nome do meu amado
Vou dizer-vos, mas imploro
De todos vós o perdão
É o nosso lindo fado
O fado que eu canto e choro
E vive em meu coração
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Porque gosto tanto dele
E a causa deste meu querer
Até a Deus perguntei
Penso noite e dia nele
Sem nunca vir a saber
A razão por que o amei
Gosto dele, isso que tem
Ninguém pode censurar
Este amor insatisfeito
Pertence a outras, bem sei
Mas terá sempre lugar
Num cantinho do meu peito
Dizem que foi desordeiro
Que frequentou as vielas
E a desgraça conheceu
Mas é um bom companheiro
Meu e de todas aquelas
Que o adoram como eu
O nome do meu amado
Vou dizer-vos, mas imploro
De todos vós o perdão
É o nosso lindo fado
O fado que eu canto e choro
E vive em meu coração
Os fados que me acontecem
Artur Ribeiro / Edgar Nogueira
Repertório de Jorge Martinho
Os fados que me acontecem
Nestes meus lábios incertos
Nascem de mim tão libertos
Que às vezes nem meus parecem
Aqueles que me conhecem
Mas não sabem donde vim
Julgam que falam de mim
Os fados que me acontecem
Muitas vezes lembram certos
Fados que já foram teus
Por isso parecem meus
Nestes meus lábios incertos
Parecem gumes abertos
Aos meus anseios dispersos
Talvez por isso meus versos
Nascem de mim tão libertos
Fados que de mim se esquecem
Desde quando te perdi
E tanto falam de ti
Que às vezes nem meus parecem
Repertório de Jorge Martinho
Os fados que me acontecem
Nestes meus lábios incertos
Nascem de mim tão libertos
Que às vezes nem meus parecem
Aqueles que me conhecem
Mas não sabem donde vim
Julgam que falam de mim
Os fados que me acontecem
Muitas vezes lembram certos
Fados que já foram teus
Por isso parecem meus
Nestes meus lábios incertos
Parecem gumes abertos
Aos meus anseios dispersos
Talvez por isso meus versos
Nascem de mim tão libertos
Fados que de mim se esquecem
Desde quando te perdi
E tanto falam de ti
Que às vezes nem meus parecem
Riso impreciso
Jorge Rosa / João Noronha *fado pechincha*
Repertório de Alice Maya
Não façam fé no meu riso
Se me ouvirem gargalhar
Só eu sei quanto preciso
Sorrir p’ra não soluçar
Rir pouco é muito cuidado
Rir muito é pouco juízo
O meu não é controlado
Não façam fé no meu riso
Todos me dizem feliz
Por ser feliz o meu ar
Duvidem do que se diz
Se me ouvirem gargalhar
Quem esteja atento repara
E há-de notá-lo impreciso
Sorriso que a dor mascara
Só eu sei quanto preciso
Quando o amor é fracasso
Que não se quer demonstrar
Faz-se apenas o que eu faço
Sorrir p’ra não soluçar
Repertório de Alice Maya
Não façam fé no meu riso
Se me ouvirem gargalhar
Só eu sei quanto preciso
Sorrir p’ra não soluçar
Rir pouco é muito cuidado
Rir muito é pouco juízo
O meu não é controlado
Não façam fé no meu riso
Todos me dizem feliz
Por ser feliz o meu ar
Duvidem do que se diz
Se me ouvirem gargalhar
Quem esteja atento repara
E há-de notá-lo impreciso
Sorriso que a dor mascara
Só eu sei quanto preciso
Quando o amor é fracasso
Que não se quer demonstrar
Faz-se apenas o que eu faço
Sorrir p’ra não soluçar
Nem Deus, nem rei, nem cometa
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Não olhes para mim, criança
Que não te posso dar nada
Tive um bocado de esperança
Mas, como tudo o que cansa
Foi-se embora já cansada
Não te zangues, por favor
Nem finjas que vais chorar
Não tens que entender a dor
Fogo em brasa deste amor
Que quero e não posso dar
Não sou nada, podes crer
Nem Deus, nem Rei, nem cometa
Só sei que te vi nascer
E que amanhã vou morrer
A imaginar-me poeta
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Não olhes para mim, criança
Que não te posso dar nada
Tive um bocado de esperança
Mas, como tudo o que cansa
Foi-se embora já cansada
Não te zangues, por favor
Nem finjas que vais chorar
Não tens que entender a dor
Fogo em brasa deste amor
Que quero e não posso dar
Não sou nada, podes crer
Nem Deus, nem Rei, nem cometa
Só sei que te vi nascer
E que amanhã vou morrer
A imaginar-me poeta
Janela escancarada
Ana Moura, Pedro Máfama, Kalaf Epalanga, Toty Sa’mette / Alberto Janes
Repertório de Ana Moura
Trago este fado de viver intensamente
No peito a chama que há-de sempre arder
Gaivota em terra, tempestade iminente
De cruz ao peito, não há nada que temer
Bordei palavras e signos na pele
E deixei lágrimas à mercê da sorte
Os meus segredos não rimam no papel
E até rendida eu não me dou à morte
Tenho uma janela aberta
No meu peito, escancarada
De ferro forjado, não te piques a entrar
Eu vou esconder-me por trás
Da renda branca, bordada
E pelo rio dos meus olhos navegar
Ó Santo António, ensina-me os limites
Desta vivência eterna num segundo
Para os meus olhos não brilharem sempre tristes
E o coração não andar tão moribundo
Pois neste fado dispenso normalidades
E vivo o instante como se não houvesse fim
Eu me apaixono por pessoas e cidades
E hei-de morrer deste amor que nasce em mim
Trago este fado de viver intensamente
No peito a chama que há-de sempre arder
Gaivota em terra, tempestade iminente
De cruz ao peito, não há nada que temer
Bordei palavras e signos na pele
E deixei lágrimas à mercê da sorte
Os meus segredos não rimam no papel
E até rendida eu não me dou à morte
Tenho uma janela aberta
No meu peito, escancarada
De ferro forjado, não te piques a entrar
Eu vou esconder-me por trás
Da renda branca, bordada
E pelo rio dos meus olhos navegar
Ó Santo António, ensina-me os limites
Desta vivência eterna num segundo
Para os meus olhos não brilharem sempre tristes
E o coração não andar tão moribundo
Pois neste fado dispenso normalidades
E vivo o instante como se não houvesse fim
Eu me apaixono por pessoas e cidades
E hei-de morrer deste amor que nasce em mim
Dama da noite
Letra de João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Dama da noite à janela
Para quando eu respirar
Cada saudade, uma estrela
Água da fonte do mar
Dama da noite singela
Só de noite tens perfume
Dama da noite à janela
Da saudade e do ciúme
Tristezas e abandonos
Tudo se passa a cantar
Dama da noite dos sonhos
De que não quero acordar
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Dama da noite à janela
Para quando eu respirar
Cada saudade, uma estrela
Água da fonte do mar
Dama da noite singela
Só de noite tens perfume
Dama da noite à janela
Da saudade e do ciúme
Tristezas e abandonos
Tudo se passa a cantar
Dama da noite dos sonhos
De que não quero acordar
Não demores
Letra e música de Carolina Deslandes
Repertório de Cuca Roseta
Há um passarinho
Que vem à minha janela
Avisar-me de que tu estás a chegar
E eu, bem apressada
Corro p'rá minha capela
E peço aos anjos que te cuidem ao volta
Vou comprar as flores
E até os manjericos
Na janela fico à espera de te ver
Não oiço as notícias
Nem tão pouco os mexericos
Que o meu coração não pára de bater
Não demores meu amor
Corre logo bem cedinho
Que até o sol dança, no meio da praça
E ouve-se o cantar dos passarinhos
Não demores meu amor
Corre logo até mim
O jantar está na mesa e a rua toda em festa
À espera de te ver chegar por fim
Há um passarinho
Que vem pousar no meu ombro
Pr’avisar-me de que tu estás a chegar
E o meu coração, dispara como louco
E saio pela casa a cantar
Arranjo o cabelo, ponho a fita cor-de-rosa
Num suspiro vejo a cama tão vazia
É hoje o meu amor, e eu estou tão ansiosa
Que o relógio se falasse até se ria
Repertório de Cuca Roseta
Há um passarinho
Que vem à minha janela
Avisar-me de que tu estás a chegar
E eu, bem apressada
Corro p'rá minha capela
E peço aos anjos que te cuidem ao volta
Vou comprar as flores
E até os manjericos
Na janela fico à espera de te ver
Não oiço as notícias
Nem tão pouco os mexericos
Que o meu coração não pára de bater
Não demores meu amor
Corre logo bem cedinho
Que até o sol dança, no meio da praça
E ouve-se o cantar dos passarinhos
Não demores meu amor
Corre logo até mim
O jantar está na mesa e a rua toda em festa
À espera de te ver chegar por fim
Há um passarinho
Que vem pousar no meu ombro
Pr’avisar-me de que tu estás a chegar
E o meu coração, dispara como louco
E saio pela casa a cantar
Arranjo o cabelo, ponho a fita cor-de-rosa
Num suspiro vejo a cama tão vazia
É hoje o meu amor, e eu estou tão ansiosa
Que o relógio se falasse até se ria
Quem me dera ser o vento
Artur Ribeiro / Joaquim Campos *fado vitória*
Repertório de Norberto Martinho
Repertório de Manuel Dias na música do fado Pedro Rodrigues
Há pedaços de Lisboa
Na canção que o vento entoa
De forma triste e magoada
Quem me dera ser o vento
P’ra cantar sem sofrimento
E chorar sem sentir nada
Num beco da velha Alfama
O vento passa e derrama
O som de notas plangentes
Quero ser louco varrido
Como tu vento fingido
E mentir como tu mentes
Chora alguém na Mouraria
E o vento durante o dia
Parece uma alma penada
Quando eu choro a minha sorte
O vento soprando forte
Ri de mim à gargalhada
Há pedaços de Lisboa
Na canção que o vento entoa
Sobre os telhados sem fim
Vento corta-me em pedaços
E leva-me nos teus braços
Para bem longe de mim
Repertório de Norberto Martinho
Repertório de Manuel Dias na música do fado Pedro Rodrigues
Há pedaços de Lisboa
Na canção que o vento entoa
De forma triste e magoada
Quem me dera ser o vento
P’ra cantar sem sofrimento
E chorar sem sentir nada
Num beco da velha Alfama
O vento passa e derrama
O som de notas plangentes
Quero ser louco varrido
Como tu vento fingido
E mentir como tu mentes
Chora alguém na Mouraria
E o vento durante o dia
Parece uma alma penada
Quando eu choro a minha sorte
O vento soprando forte
Ri de mim à gargalhada
Há pedaços de Lisboa
Na canção que o vento entoa
Sobre os telhados sem fim
Vento corta-me em pedaços
E leva-me nos teus braços
Para bem longe de mim
Tema da noite
Artur Ribeiro / Alfredo Duarte *eu lembro-me de ti*
Repertório de Maria Valejo
Eu sou tema da noite em versos transformado
Sou canto de viela que teima em ser de esp’rança
Às vezes sou açoite de vento transviado
Umas vezes procela outras vezes bonança
Sou a quadra sentida que vai de boca em boca
História recontada que sempre faz chorar
Sou a corda partida duma guitarra louca
Que sempre que é pisada quer outra vez cantar
Eu sou tema da noite perdido na cidade
Sou grito de desejo em noite de luar
Meus olhos cor da noite molhados de saudade
Sabem que não te vejo quanto a noite findar
Repertório de Maria Valejo
Eu sou tema da noite em versos transformado
Sou canto de viela que teima em ser de esp’rança
Às vezes sou açoite de vento transviado
Umas vezes procela outras vezes bonança
Sou a quadra sentida que vai de boca em boca
História recontada que sempre faz chorar
Sou a corda partida duma guitarra louca
Que sempre que é pisada quer outra vez cantar
Eu sou tema da noite perdido na cidade
Sou grito de desejo em noite de luar
Meus olhos cor da noite molhados de saudade
Sabem que não te vejo quanto a noite findar
Fui fazer festa de vento
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Fui fazer festa de vento
À praia de vento antigo
Em cada vento que invento
Há outro vento comigo
Muitas dunas algum mar
E o sul a vir do norte
O sol todo por lembrar
Quase vida quase morte
Incensos por existir
Arderam a hora toda
O silêncio de não rir
Andou sempre à roda à roda
A hora ficou na asa
Do abutre que passou
Hora a hora feito brasa
Em toda a hora que sou
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Fui fazer festa de vento
À praia de vento antigo
Em cada vento que invento
Há outro vento comigo
Muitas dunas algum mar
E o sul a vir do norte
O sol todo por lembrar
Quase vida quase morte
Incensos por existir
Arderam a hora toda
O silêncio de não rir
Andou sempre à roda à roda
A hora ficou na asa
Do abutre que passou
Hora a hora feito brasa
Em toda a hora que sou
Amor de domingo
Letra e música de Cuca Roseta
Repertório da autora
Eu quero um amor de domingo
Que às vezes me deixe sozinho
Que me saiba esperar
Sem ter pressa de amar
Que me saiba querer quando há lugar
Eu quero um amor de domingo
Que se sente tão devagarinho
Que conversa à lareira
O sossego e uma ideia
Sabe a paz e a pão quente da aldeia
Eu quero um amor de domingo
Que vai e que volta ao ninho
Que vem e que vai
E que vai e que vem
Ao domingo que sabe tão bem
Eu quero um amor de domingo
A janela da chuva e do vinho
De horas cheias de nada
Melhor nada da vida
Só e mais nada
Tu e eu e a almofada
Eu quero um amor de domingo
No silêncio que não está sozinho
De cabelo mal atado
Maquilhagem de lado
De aconchego infinito deitado
Repertório da autora
Eu quero um amor de domingo
Que às vezes me deixe sozinho
Que me saiba esperar
Sem ter pressa de amar
Que me saiba querer quando há lugar
Eu quero um amor de domingo
Que se sente tão devagarinho
Que conversa à lareira
O sossego e uma ideia
Sabe a paz e a pão quente da aldeia
Eu quero um amor de domingo
Que vai e que volta ao ninho
Que vem e que vai
E que vai e que vem
Ao domingo que sabe tão bem
Eu quero um amor de domingo
A janela da chuva e do vinho
De horas cheias de nada
Melhor nada da vida
Só e mais nada
Tu e eu e a almofada
Eu quero um amor de domingo
No silêncio que não está sozinho
De cabelo mal atado
Maquilhagem de lado
De aconchego infinito deitado
Soltas
João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
É na paz que vive a liberdade
É na dor que vive a solidão
É no amor que vive a felicidade
É no povo que vive esta canção
É na saudade que tudo está distante
É na alegria que vive o amor
É na esperança que morre o instante
É na paz que se afugenta a dor
Meu amor, a liberdade
Tem sempre a cor da razão
Ter-se amor, não tem idade
Ser-se livre, também não
Canto um fado à despedida
Do sol e da madrugada
Do dia-a-dia da vida
De cada hora passada
(in Fado – É No Povo Que Vive Esta Canção)
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
É na paz que vive a liberdade
É na dor que vive a solidão
É no amor que vive a felicidade
É no povo que vive esta canção
É na saudade que tudo está distante
É na alegria que vive o amor
É na esperança que morre o instante
É na paz que se afugenta a dor
Meu amor, a liberdade
Tem sempre a cor da razão
Ter-se amor, não tem idade
Ser-se livre, também não
Canto um fado à despedida
Do sol e da madrugada
Do dia-a-dia da vida
De cada hora passada
(in Fado – É No Povo Que Vive Esta Canção)
Onde estás?
Artur Ribeiro / José Maria Antunes
1a versão / Repertório de Augusta Ermida
1a versão / Repertório de Augusta Ermida
2a versão / Repertório de Carlos Ramos
Versão Augusta Ermida
Versão Augusta Ermida
Aonde estás, o que farás, quem sai contigo
Chego a tentar adivinhar mas não consigo
Quem amarás, quem beijarás com ansiedade
Quero saber, para correr com a saudade
Onde estás, como tens passado
És feliz tal como adivinho
Como estás, sem mim a teu lado
Deus o quis, segue o teu caminho
Aonde vais sempre que sais tão de fugida
A quem vais dar o meu lugar na tua vida
Quem te dirá pela manhã; muito bom dia
Quem roga a Deus p’los passos teus, como eu fazia
- - -
Chego a tentar adivinhar mas não consigo
Quem amarás, quem beijarás com ansiedade
Quero saber, para correr com a saudade
Onde estás, como tens passado
És feliz tal como adivinho
Como estás, sem mim a teu lado
Deus o quis, segue o teu caminho
Aonde vais sempre que sais tão de fugida
A quem vais dar o meu lugar na tua vida
Quem te dirá pela manhã; muito bom dia
Quem roga a Deus p’los passos teus, como eu fazia
- - -
- -
-
Versão Carlos Ramos
Aonde estás, o que farás, quem sai contigo
Quero tentar adivinhar mas não consigo
Quem amarás, quem beijarás com ansiedade
Quero saber, para correr com a saudade
Onde estás, como tens passado
És feliz, tal como adivinho
Onde estás, sem mim a teu lado
Deus o quis, segue o teu caminho
Aonde vais sempre que sais tão de fugida
A quem vais dar o meu lugar na tua vida
Quem te dirá pela manhã; muito bom dia
Quem roga a Deus p’los passos teus, como eu fazia
Versão Carlos Ramos
Aonde estás, o que farás, quem sai contigo
Quero tentar adivinhar mas não consigo
Quem amarás, quem beijarás com ansiedade
Quero saber, para correr com a saudade
Onde estás, como tens passado
És feliz, tal como adivinho
Onde estás, sem mim a teu lado
Deus o quis, segue o teu caminho
Aonde vais sempre que sais tão de fugida
A quem vais dar o meu lugar na tua vida
Quem te dirá pela manhã; muito bom dia
Quem roga a Deus p’los passos teus, como eu fazia
Manhã perdida
Artur Ribeiro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Jorge Barradas
Perdi toda a manhã e não achei
Motivo para mais uma canção
Dei voltas ao papel, improvisei
Mas nada achei em mim, foi tudo em vão
Lembrei os olhos teus, fiz o teu nome
Senti a tua voz nos meus ouvidos
Lembrei o teu andar e senti fome
Senti fome de ti nos meus sentidos
Lembrei-me do sabor dum beijo nosso
O nosso estranho amor surgiu também
Mas são coisas tão nossas que não posso
Dizê-las nos meus fados a ninguém
Depois lembrei a dor que mata a gente
A nossa vida imposta e separada
Mas se entrasses a porta num repente
Dava a manhã perdida por achada
Perdi toda a manhã e não achei
Motivo para mais uma canção
Dei voltas ao papel, improvisei
Mas nada achei em mim, foi tudo em vão
Lembrei os olhos teus, fiz o teu nome
Senti a tua voz nos meus ouvidos
Lembrei o teu andar e senti fome
Senti fome de ti nos meus sentidos
Lembrei-me do sabor dum beijo nosso
O nosso estranho amor surgiu também
Mas são coisas tão nossas que não posso
Dizê-las nos meus fados a ninguém
Depois lembrei a dor que mata a gente
A nossa vida imposta e separada
Mas se entrasses a porta num repente
Dava a manhã perdida por achada
De cabelo solto ao vento
Jorge Rosa / Popular *fado menor*
Repertório de Celeste Rodrigues
De cabelo solto ao vento
Corro e não sei onde vou
Da lembrança que ficou
Trago o meu corpo sedento
Seca-me a boca sem esperança
Dos beijos que tu me davas
Trago nos olhos lembrança
Dos futuros que embalavas
Trago ainda no ouvido
Ecos das tuas canções
E presas ao meu sentido
Ai, quantas recordações
E neste meu desalento
Trago vida e sei que morro
Não sei onde vou, mas corro
De cabelo solto ao vento
Repertório de Celeste Rodrigues
De cabelo solto ao vento
Corro e não sei onde vou
Da lembrança que ficou
Trago o meu corpo sedento
Seca-me a boca sem esperança
Dos beijos que tu me davas
Trago nos olhos lembrança
Dos futuros que embalavas
Trago ainda no ouvido
Ecos das tuas canções
E presas ao meu sentido
Ai, quantas recordações
E neste meu desalento
Trago vida e sei que morro
Não sei onde vou, mas corro
De cabelo solto ao vento
Ingratidão
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Canção do Sul, número 193, de 20 de Dezembro de 1937
É tão feia a ingratidão
Que causa tanto desgosto
Fere mais um coração
A bofetada sem mão
Do que a estampada no rosto
Acontece tanta vez
Trabalharmos toda a vida
E aparecer a malvadez
A ferir a nossa honradez
Que fica comprometida
Vêm-se tantas fingirem
Amizade figurada
E os nossos corpos servirem
De degraus para subirem
Aquel’s que não valem nada
Muitas vezes é preciso
Sofrer a desilusão
Para tomarmos juízo
E acabarmos com o riso
Dessa feia ingratidão
A servir de trepadeira
Andamos nesta quezília
Desprezando a vida inteira
A amizade verdadeira
Da nossa querida família
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Canção do Sul, número 193, de 20 de Dezembro de 1937
É tão feia a ingratidão
Que causa tanto desgosto
Fere mais um coração
A bofetada sem mão
Do que a estampada no rosto
Acontece tanta vez
Trabalharmos toda a vida
E aparecer a malvadez
A ferir a nossa honradez
Que fica comprometida
Vêm-se tantas fingirem
Amizade figurada
E os nossos corpos servirem
De degraus para subirem
Aquel’s que não valem nada
Muitas vezes é preciso
Sofrer a desilusão
Para tomarmos juízo
E acabarmos com o riso
Dessa feia ingratidão
A servir de trepadeira
Andamos nesta quezília
Desprezando a vida inteira
A amizade verdadeira
Da nossa querida família
Nunca mais
Artur Ribeiro / José Duarte *fado seixal*
Repertório de Fernanda Maria
Eu não quero nunca mais
Entre nós dois despedidas
Ficar distantes jamais
Não quero lonjuras tais
Entre as nossas duas vidas
Nunca mais ir ao correio
As tuas cartas buscar
Nunca mais o louco anseio
Duma carta que não veio
Perdida em qualquer lugar
Amor nunca mais terás
De andar sem mim por aí
Nas horas boas e más
Eu irei onde tu vás
Não quero ficar sem ti
Nunca mais fazer de conta
Que vivo enquanto não vens
Nem sentir a mente tonta
Sem saber a quanto monta
A saudade que tu tens
Repertório de Fernanda Maria
Eu não quero nunca mais
Entre nós dois despedidas
Ficar distantes jamais
Não quero lonjuras tais
Entre as nossas duas vidas
Nunca mais ir ao correio
As tuas cartas buscar
Nunca mais o louco anseio
Duma carta que não veio
Perdida em qualquer lugar
Amor nunca mais terás
De andar sem mim por aí
Nas horas boas e más
Eu irei onde tu vás
Não quero ficar sem ti
Nunca mais fazer de conta
Que vivo enquanto não vens
Nem sentir a mente tonta
Sem saber a quanto monta
A saudade que tu tens
O mundo é ela
Artur Ribeiro / Júlio Proença *fado puxavante*
Repertório de Artur Batalha
Vejo o mundo da janela
No seu mais vasto horizonte
Para mim o mundo é ela
E ela mora defronte
Desde manhã ao sol-pôr
Na sua expressão mais bela
Quando vejo o meu amor
Vejo o mundo da janela
Vejo a terra vejo o mar
A brisa a correr no monte
Vejo tudo num olhar
No seu mais vasto horizonte
E quando da boca sua
Sai uma frase singela
Vejo o mundo ali na rua
Para mim o mundo é ela
Cá no meu quarto alugado
Modesto como uma fonte
Vejo Deus do outro lado
E ela mora defronte
Repertório de Artur Batalha
Vejo o mundo da janela
No seu mais vasto horizonte
Para mim o mundo é ela
E ela mora defronte
Desde manhã ao sol-pôr
Na sua expressão mais bela
Quando vejo o meu amor
Vejo o mundo da janela
Vejo a terra vejo o mar
A brisa a correr no monte
Vejo tudo num olhar
No seu mais vasto horizonte
E quando da boca sua
Sai uma frase singela
Vejo o mundo ali na rua
Para mim o mundo é ela
Cá no meu quarto alugado
Modesto como uma fonte
Vejo Deus do outro lado
E ela mora defronte
Lei do fado, do amor e da vida
José Fernandes Castro / Pedro Rodrigues *fado primavera*
Repertório de Catarina Dionísio *ao vivo*
Perguntei ao fado amigo
Porque lhe chamam antigo
Mais antigo que a saudade
O fado disse: sou jovem
E os sonhos que então me movem
São todos da minha idade
Antigo é não ter noção
De que a voz do coração
É um hino intemporal
Lei do fado é lei cumprida
Lei do amor é lei da vida
Lei do tempo é transversal
Antigo nunca serei
Pois sempre caminharei
À frente do meu destino
Quem quer estar a meu lado
Tem de se manter ligado
Ao sonho mais genuíno
Repertório de Catarina Dionísio *ao vivo*
Perguntei ao fado amigo
Porque lhe chamam antigo
Mais antigo que a saudade
O fado disse: sou jovem
E os sonhos que então me movem
São todos da minha idade
Antigo é não ter noção
De que a voz do coração
É um hino intemporal
Lei do fado é lei cumprida
Lei do amor é lei da vida
Lei do tempo é transversal
Antigo nunca serei
Pois sempre caminharei
À frente do meu destino
Quem quer estar a meu lado
Tem de se manter ligado
Ao sonho mais genuíno
Fado mágoas
Silva Tavares / Popular *fado menor*
Repertório de Fernanda Maria
Preto pode ser vaidade
Não traduz luto nem dor
Sentida dor é a saudade
E a saudade não tem cor
Saudades não as merece
Toda a gente que as inspira
Ter saudade de quem esquece
É ter crença na mentira
Vai tão longe a mocidade
Sinto tão perto o meu fim
Que às vezes tenho vontade
De deitar luto por mim
Repertório de Fernanda Maria
Preto pode ser vaidade
Não traduz luto nem dor
Sentida dor é a saudade
E a saudade não tem cor
Saudades não as merece
Toda a gente que as inspira
Ter saudade de quem esquece
É ter crença na mentira
Vai tão longe a mocidade
Sinto tão perto o meu fim
Que às vezes tenho vontade
De deitar luto por mim
Linda rosa
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Canção do Sul, número 206, de 1 de Julho de 1938
Por ser de tez tão rosada
Quando ela foi baptizada
Deram-lhe o nome de Rosa
Pois seu rosto encantador
Parecia mesmo uma flor
Uma flor linda e viçosa
Criada com mil carinhos
Numa roseira sem espinhos
Sua vida foi ditosa
Sendo diferente das mais
Era o enlevo dos pais
Essa pequenina Rosa
Foi crescendo entre roseiras
Sonhando com as mais fagueiras
Esperanças belas, infindas
Rendendo ao seu nome preito
Trazia sempre no peito
Uma das rosas mais lindas
E depois contou-me alguém
Que ela casou e foi mãe
Tornando-se mais formosa
Pois o céu fez-lhe a vontade
De dar-lhe a felicidade
Num lindo botão de rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Canção do Sul, número 206, de 1 de Julho de 1938
Por ser de tez tão rosada
Quando ela foi baptizada
Deram-lhe o nome de Rosa
Pois seu rosto encantador
Parecia mesmo uma flor
Uma flor linda e viçosa
Criada com mil carinhos
Numa roseira sem espinhos
Sua vida foi ditosa
Sendo diferente das mais
Era o enlevo dos pais
Essa pequenina Rosa
Foi crescendo entre roseiras
Sonhando com as mais fagueiras
Esperanças belas, infindas
Rendendo ao seu nome preito
Trazia sempre no peito
Uma das rosas mais lindas
E depois contou-me alguém
Que ela casou e foi mãe
Tornando-se mais formosa
Pois o céu fez-lhe a vontade
De dar-lhe a felicidade
Num lindo botão de rosa
Despe-me
Letra e música de Tó Zé Brito
Repertório de Fábia Rebordão
Despe-me o medo, a saudade sem pressa
Despe-me as dúvidas bem devagar
Despe-me toda a ansiedade num beijo
Despe-me agora a vontade de me entregar
Despe-me o frio, o cansaço sem pressa
Despe-me a roupa, e bem lentamente
Pousa o teu corpo no meu
Sente o meu peito no teu
E somos um, assim de repente
Somos o mar a bater
Já não há nada a fazer
Somos as ondas no mar
Que vão e vêm sem parar
Já não há nada a fazer
Já não temos solução
Despe-me agora
O meu coração
Repertório de Fábia Rebordão
Despe-me o medo, a saudade sem pressa
Despe-me as dúvidas bem devagar
Despe-me toda a ansiedade num beijo
Despe-me agora a vontade de me entregar
Despe-me o frio, o cansaço sem pressa
Despe-me a roupa, e bem lentamente
Pousa o teu corpo no meu
Sente o meu peito no teu
E somos um, assim de repente
Somos o mar a bater
Já não há nada a fazer
Somos as ondas no mar
Que vão e vêm sem parar
Já não há nada a fazer
Já não temos solução
Despe-me agora
O meu coração
Menina do olhar travesso
Jorge Rosa / Joaquim Campos *fado rosita*
Repertório de Francisco Pedro
Menina de olhar travesso
Onde travessas meninas
Andam a brincar ladinas
C’o preço do meu apreço
Se tento a sua atenção
No seu modo desatento
Fugidias como o vento
Buscam outra direcão
Se me finjo distraído
Pressinto que elas me seguem
E que os meus olhos perseguem
Seguindo o mesmo sentido
Vê lá tu se as aconselhas
Diz-lhes que tenham maneiras
E acabem as brincadeiras
Antes que cheguem a velhas
Menina de olhar travesso
Diga às travessas meninas
Que não se armem em finas
É amor que eu lhes ofereço
Repertório de Francisco Pedro
Menina de olhar travesso
Onde travessas meninas
Andam a brincar ladinas
C’o preço do meu apreço
Se tento a sua atenção
No seu modo desatento
Fugidias como o vento
Buscam outra direcão
Se me finjo distraído
Pressinto que elas me seguem
E que os meus olhos perseguem
Seguindo o mesmo sentido
Vê lá tu se as aconselhas
Diz-lhes que tenham maneiras
E acabem as brincadeiras
Antes que cheguem a velhas
Menina de olhar travesso
Diga às travessas meninas
Que não se armem em finas
É amor que eu lhes ofereço
Cada dia que passa
*Mais um dia sem vida*
Artur Ribeiro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Florinda Maria
Cada dia que passa sem te ver
Sem nada ter contigo de comum
São vinte e quatro horas a sofrer
Resta saber se para cada um
Cada dia que passa é mais um dia
Que não quero somar aos dias meus
São vinte e quatro horas de agonia
Resta saber como passas os teus
Cada dia que passa sem lograr
Saber quando esta ausência terá fim
São vinte e quatro horas a rezar
Resta saber se tu rezas por mim
Artur Ribeiro / Miguel Ramos *fado margarida*
Repertório de Florinda Maria
Cada dia que passa sem te ver
Sem nada ter contigo de comum
São vinte e quatro horas a sofrer
Resta saber se para cada um
Cada dia que passa é mais um dia
Que não quero somar aos dias meus
São vinte e quatro horas de agonia
Resta saber como passas os teus
Cada dia que passa sem lograr
Saber quando esta ausência terá fim
São vinte e quatro horas a rezar
Resta saber se tu rezas por mim
Todo o intento arrefece
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Todo o intento arrefece
Em dedos de dizer não
Houvera quem me trouxesse
Uma brasa em cada mão
Nem a morte nem a morte
Dum olhar que não viesse
Nem a morte só a morte
Todo intento arrefece
Eu subo à fraga mais alta
Até perder a razão
Só o medo não me falta
Em dedos de dizer não
Fora eu quem não quisesse
Abriria o coração
E diria a quem morresse
Não morreste sem perdão;
Houvera quem me trouxesse
Uma brasa em cada mão
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Todo o intento arrefece
Em dedos de dizer não
Houvera quem me trouxesse
Uma brasa em cada mão
Nem a morte nem a morte
Dum olhar que não viesse
Nem a morte só a morte
Todo intento arrefece
Eu subo à fraga mais alta
Até perder a razão
Só o medo não me falta
Em dedos de dizer não
Fora eu quem não quisesse
Abriria o coração
E diria a quem morresse
Não morreste sem perdão;
Houvera quem me trouxesse
Uma brasa em cada mão
A pobres não prometas
Artur Ribeiro / Franklim Godinho
Repertório de Lena Silva
Teus olhos que se intrometem
No que falamos os dois
E ficam no meu olhar
A meu ver, eles prometem
Tais coisas que tu depois
Nunca poderás pagar
Por isso toma cuidado
Que esses olhos inquietos
Andam a troçar do p’rigo
Não os deixes no meu fado
Diz-lhes que fiquem quietos
Quando conversas comigo
Teus olhos intrometidos
Sem que os vejas tomar parte
De tudo quanto desejo
Passeiam nos meus sentidos
Eu não sei se devo amar-te
Ou fingir que não os vejo
Repertório de Lena Silva
Teus olhos que se intrometem
No que falamos os dois
E ficam no meu olhar
A meu ver, eles prometem
Tais coisas que tu depois
Nunca poderás pagar
Por isso toma cuidado
Que esses olhos inquietos
Andam a troçar do p’rigo
Não os deixes no meu fado
Diz-lhes que fiquem quietos
Quando conversas comigo
Teus olhos intrometidos
Sem que os vejas tomar parte
De tudo quanto desejo
Passeiam nos meus sentidos
Eu não sei se devo amar-te
Ou fingir que não os vejo
Alguém que não conheço
Artur Ribeiro / Renato Varela *fado varela*
Repertório de Januário Trindade
Alguém que Deus não pôs no meu caminho
Alguém que não passou à minha porta
Alguém a quem não dei o meu carinho
Alguém que por acaso nem me importa
Alguém que deve ter forma de gente
Mas a quem mal ou bem eu não conheço
Alguém que gritará constantemente
Palavras que decerto não mereço
Há-de p’ra além de nós cantar a esmo
Os versos que te fiz hora após hora
Canções que são pedaços de mim mesmo
E hão-de falar de ti p’lo tempo fora
Repertório de Januário Trindade
Alguém que Deus não pôs no meu caminho
Alguém que não passou à minha porta
Alguém a quem não dei o meu carinho
Alguém que por acaso nem me importa
Alguém que deve ter forma de gente
Mas a quem mal ou bem eu não conheço
Alguém que gritará constantemente
Palavras que decerto não mereço
Há-de p’ra além de nós cantar a esmo
Os versos que te fiz hora após hora
Canções que são pedaços de mim mesmo
E hão-de falar de ti p’lo tempo fora
Simplesmente ser
Letra e música de Rita Viana
Repertório de Carminho
Vem contar-me
O que andaste a fazer
Em quem tropeçaste
No que te tornaste
Sem prever
Como transformaste
Tanta certeza no contraste
Só p’ra amadurecer
Quando sobraste
Como te multiplicaste
Sem perder
Estou a tentar
Simplesmente ser
Repertório de Carminho
Vem contar-me
O que andaste a fazer
Em quem tropeçaste
No que te tornaste
Sem prever
Como transformaste
Tanta certeza no contraste
Só p’ra amadurecer
Quando sobraste
Como te multiplicaste
Sem perder
Estou a tentar
Simplesmente ser
Ter saudade
Jorge Rosa / Pedro Rodrigues
Repertório de Armando Morais
Saudade é palavra nossa
Tão nossa tão portuguesa
Que não há outra não há
Que melhor traduzir possa
A verdade, a tristeza
Que a triste ausência nos dá
Palavra má que se uniu
À rima dum fado triste
Todo feito p’ra chorar
P’ra dizer a quem partiu
Finda o teu sonho, resiste
Está na hora de voltar
Pobre de quem algum dia
Sentiu a alma a sangrar
De saudosa desventura
Vive a mais longa agonia
Sofre o mais duro penar
Padece a maior tortura
Saudades finos punhais
Que eu sinto com crueldade
Na minha alma a doer
Meu amor escuta os meus ais
E vem matar a saudade
Que aos poucos me faz morrer
Repertório de Armando Morais
Saudade é palavra nossa
Tão nossa tão portuguesa
Que não há outra não há
Que melhor traduzir possa
A verdade, a tristeza
Que a triste ausência nos dá
Palavra má que se uniu
À rima dum fado triste
Todo feito p’ra chorar
P’ra dizer a quem partiu
Finda o teu sonho, resiste
Está na hora de voltar
Pobre de quem algum dia
Sentiu a alma a sangrar
De saudosa desventura
Vive a mais longa agonia
Sofre o mais duro penar
Padece a maior tortura
Saudades finos punhais
Que eu sinto com crueldade
Na minha alma a doer
Meu amor escuta os meus ais
E vem matar a saudade
Que aos poucos me faz morrer
Meu estilo
Jorge Rosa / João de Vasconcelos
Repertório de Ada de Castro
Há tantas maneiras tantas
De o fadinho se cantar
Eu canto assim e tu cantas
Como melhor te agradar
Cada qual canta o seu fado
Como bem lhe apetecer
Seja d’hoje, do passado
Ou de quando Deus quiser
Quem canta o fado é fadista
E é o que eu sou
Quem lhe dá estilo é estilista
E é o que eu dou
Não quero tê-lo, nem espero
Vê-lo mudado
Não espero vê-lo, nem quero
Ter outro fado
Há quem por isto ou aquilo
Ou p’lo gosto de mudar
Deixe o estilo do seu estilo
P’ra novo estilo arranjar
Não louvo o gosto a quem teima
Em fazer do fado um jogo
E é sabido que se queima
Quem muito brinca c’o fogo
Repertório de Ada de Castro
Há tantas maneiras tantas
De o fadinho se cantar
Eu canto assim e tu cantas
Como melhor te agradar
Cada qual canta o seu fado
Como bem lhe apetecer
Seja d’hoje, do passado
Ou de quando Deus quiser
Quem canta o fado é fadista
E é o que eu sou
Quem lhe dá estilo é estilista
E é o que eu dou
Não quero tê-lo, nem espero
Vê-lo mudado
Não espero vê-lo, nem quero
Ter outro fado
Há quem por isto ou aquilo
Ou p’lo gosto de mudar
Deixe o estilo do seu estilo
P’ra novo estilo arranjar
Não louvo o gosto a quem teima
Em fazer do fado um jogo
E é sabido que se queima
Quem muito brinca c’o fogo
Saudades minhas
Letra de João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho um barco junto à fonte
P’ra melhor ouvir cantar
A água que vem do monte
A caminho para o mar
Passa no tanque da horta
Parte dela vai regar
Cai em espuma na ribeira
Na pedra negra a brilhar
Passa, azenhas velhinhas
As pontes por restaurar
Murmura, saudades minhas
Sempre, sempre, sem parar
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho um barco junto à fonte
P’ra melhor ouvir cantar
A água que vem do monte
A caminho para o mar
Passa no tanque da horta
Parte dela vai regar
Cai em espuma na ribeira
Na pedra negra a brilhar
Passa, azenhas velhinhas
As pontes por restaurar
Murmura, saudades minhas
Sempre, sempre, sem parar
Alfama
Letra de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado Letra
Publicada no jornal Ecos de Portugal em 1953
Minha Alfama das vielas
Aonde o labor se abriga
És um alvo de aguarelas
Da nossa Lisboa antiga
Tuas ruas sinuosas
São, numa paz desmedida
Colmeias laboriosas
A latejarem de vida;
Os teus becos, sem saída
Com pitorescas janelas
São incomparáveis telas
Dum passado que se encobre;
És velhinha, honesta e pobre
Minha Alfama das vielas
Como outrora os cavaleiros
Defendiam sua dama
Serei sempre um dos primeiros
A defender minha Alfama;
Neste bairro brilha a chama
Que, sempre, sempre, me obriga
E, talvez, nunca consiga
A ser mais do que devoto;
Por este bairro remoto
Aonde o labor se abriga
Santa Luzia proteja
Este burgo envelhecido
Que a toda a hora lhe beija
A orla do seu vestido;
Eu, que tenho percorrido
De Alfama as pobres ruelas
Digo, pondo os olhos nelas
E o meu pensar a distância;
Alfama da minha infância
És um alvo de aguarelas
A desfiar seus desgostos
Há longos anos a vejo
Enlevada, de olhos postos
Nas verdes águas do Tejo;
Nesta vida o que desejo
Dum olhar de rapariga
Era pôr numa cantiga
Toda a gratidão que devo;
A este bairro de enlevo
Da nossa Lisboa antiga
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado Letra
Publicada no jornal Ecos de Portugal em 1953
Minha Alfama das vielas
Aonde o labor se abriga
És um alvo de aguarelas
Da nossa Lisboa antiga
Tuas ruas sinuosas
São, numa paz desmedida
Colmeias laboriosas
A latejarem de vida;
Os teus becos, sem saída
Com pitorescas janelas
São incomparáveis telas
Dum passado que se encobre;
És velhinha, honesta e pobre
Minha Alfama das vielas
Como outrora os cavaleiros
Defendiam sua dama
Serei sempre um dos primeiros
A defender minha Alfama;
Neste bairro brilha a chama
Que, sempre, sempre, me obriga
E, talvez, nunca consiga
A ser mais do que devoto;
Por este bairro remoto
Aonde o labor se abriga
Santa Luzia proteja
Este burgo envelhecido
Que a toda a hora lhe beija
A orla do seu vestido;
Eu, que tenho percorrido
De Alfama as pobres ruelas
Digo, pondo os olhos nelas
E o meu pensar a distância;
Alfama da minha infância
És um alvo de aguarelas
A desfiar seus desgostos
Há longos anos a vejo
Enlevada, de olhos postos
Nas verdes águas do Tejo;
Nesta vida o que desejo
Dum olhar de rapariga
Era pôr numa cantiga
Toda a gratidão que devo;
A este bairro de enlevo
Da nossa Lisboa antiga
Chico da Guia
Jorge Rosa / António Chaínho
Repertório de Fernando de Sousa
*também gravado por Aurélio Perry com música de Jorge Fontes
Com a banza a tiracolo
E o boné de pala ao lado
A cantarolar um fado
Lá vai o Chico da Guia
Ao vê-lo até me consolo
Por desmentir quem já disse
Há muito que a fadistice
Se afastou da Mouraria
Não há navalhas, pois não
Não há rufias, p’ra já
Cenas canalhas no Capelão
Também já não há
Não há Severas, bem sei
Nem Marialvas, tão-pouco
Mas fado sim
Pois passou por mim
Ainda há bem pouco
Dois copos no Zé da esquina
A alma põem-lhe em fogo
E um fado aparece logo
À sua boca colado
Há quem lhe lamente a sina
Mas gosto de o ver bebido
Pois com vinho é já sabido
Que o Chico todo ele é fado
Repertório de Fernando de Sousa
*também gravado por Aurélio Perry com música de Jorge Fontes
Com a banza a tiracolo
E o boné de pala ao lado
A cantarolar um fado
Lá vai o Chico da Guia
Ao vê-lo até me consolo
Por desmentir quem já disse
Há muito que a fadistice
Se afastou da Mouraria
Não há navalhas, pois não
Não há rufias, p’ra já
Cenas canalhas no Capelão
Também já não há
Não há Severas, bem sei
Nem Marialvas, tão-pouco
Mas fado sim
Pois passou por mim
Ainda há bem pouco
Dois copos no Zé da esquina
A alma põem-lhe em fogo
E um fado aparece logo
À sua boca colado
Há quem lhe lamente a sina
Mas gosto de o ver bebido
Pois com vinho é já sabido
Que o Chico todo ele é fado
Não peças ao meu olhar
Jorge Rosa / Alberto Costa *fado dois tons*
Repertório de Maria Amélia
Não me peças p’ra guardar
Segredo do nosso amor
Eu sei bem que o meu olhar
Não te faz esse favor
Pode ser que a minha fala
A perguntas não responda
Mas meu olhar não se cala
Não há segredo que esconda
Se uma paixão me sacode
E o amor me rouba a calma
Sei que o meu olhar não pode
Esconder segredos da alma
Pede ao calor que arrefeça
E ao frio que dê calor
Mas ao meu olhar não peças
Silêncio p’ró nosso amor
Repertório de Maria Amélia
Não me peças p’ra guardar
Segredo do nosso amor
Eu sei bem que o meu olhar
Não te faz esse favor
Pode ser que a minha fala
A perguntas não responda
Mas meu olhar não se cala
Não há segredo que esconda
Se uma paixão me sacode
E o amor me rouba a calma
Sei que o meu olhar não pode
Esconder segredos da alma
Pede ao calor que arrefeça
E ao frio que dê calor
Mas ao meu olhar não peças
Silêncio p’ró nosso amor
Um estranho silêncio
Jorge Rosa / Popular *fado corrido*
Repertório de Eurico Pavia
Um estranho silêncio mora
Na minh’alma de poeta
Nenhuma musa indiscreta
Me vem visitar agora
Tive uma, mandei-a embora
Esqueci-me dos meus versos
Andam no vento, dispersos
Perdi-os, deitei-os fora
Mal que partiste, partiu
A força do meu talento
Que a força do desalento
Os meus olhos destruiu
Mal me deixaste, deixou-me
O mundo de inspiração
O mel do meu coração
Azedou-se e azedou-me
Nenhuma musa indiscreta
Me vem visitar agora
Um estranho silêncio mora
Na minh’alma de poeta
Repertório de Eurico Pavia
Um estranho silêncio mora
Na minh’alma de poeta
Nenhuma musa indiscreta
Me vem visitar agora
Tive uma, mandei-a embora
Esqueci-me dos meus versos
Andam no vento, dispersos
Perdi-os, deitei-os fora
Mal que partiste, partiu
A força do meu talento
Que a força do desalento
Os meus olhos destruiu
Mal me deixaste, deixou-me
O mundo de inspiração
O mel do meu coração
Azedou-se e azedou-me
Nenhuma musa indiscreta
Me vem visitar agora
Um estranho silêncio mora
Na minh’alma de poeta
A razão dos meus pecados
Artur Ribeiro / João Maria dos Anjos
Repertório de Maria Valejo
A razão dos meus pecados
Vai nos versos dos meus fados
P’ra quem os saiba entender
Pecados que em mim mantenho
Mas resta saber se tenho
Razão de pecados ter
Estes pecados tão feios
Que nascem nos meus anseios
E morrem nos braços teus
São tão grandes e sem lei
Que quando morrer nem sei
Como contá-los a Deus
A razão dos meus pecados
São teus olhos espantados
A transbordar de paixão
E essa boca bonita
Que quando me beija incita
A pecar meu coração
Repertório de Maria Valejo
A razão dos meus pecados
Vai nos versos dos meus fados
P’ra quem os saiba entender
Pecados que em mim mantenho
Mas resta saber se tenho
Razão de pecados ter
Estes pecados tão feios
Que nascem nos meus anseios
E morrem nos braços teus
São tão grandes e sem lei
Que quando morrer nem sei
Como contá-los a Deus
A razão dos meus pecados
São teus olhos espantados
A transbordar de paixão
E essa boca bonita
Que quando me beija incita
A pecar meu coração
Eu disse que não
Artur Ribeiro / Carlos Neves *fado tamanquinhas*
Repertório de João Cabral
Eu disse que não à vida
Quando fui duro contigo
A vida ficou sentida
Deixou de me dar guarida
Deixou de contar comigo
Eu disse que não à sorte
Quando te deixei por nada
Agora sigo sem norte
E sem que nada me importe
Até ao fim da jornada
Eu disse que não ao sol
Que nos teus olhos trazias
Apagou-se o meu farol
E a vida pôs-me no rol
No rol das coisas vazias
Eu disse que não ao sonho
Quando parti do teu lado
E foi um não tão medonho
Que deixou assim tristonho
Este arremedo de fado
Repertório de João Cabral
Eu disse que não à vida
Quando fui duro contigo
A vida ficou sentida
Deixou de me dar guarida
Deixou de contar comigo
Eu disse que não à sorte
Quando te deixei por nada
Agora sigo sem norte
E sem que nada me importe
Até ao fim da jornada
Eu disse que não ao sol
Que nos teus olhos trazias
Apagou-se o meu farol
E a vida pôs-me no rol
No rol das coisas vazias
Eu disse que não ao sonho
Quando parti do teu lado
E foi um não tão medonho
Que deixou assim tristonho
Este arremedo de fado
Pedra solta
António Campos / Carminho
Repertório de Carminho
Não vás à fonte sozinho
Que os rouxinóis do Mondego
Ao ver-te tão coradinho
Ficam em desassossego
Não andes assim descalço
Sendo lindo como és
Há sempre uma pedra em falso
A querer beijar os teus pés
Não tragas tal sol, tal vento
O teu cabelo doirado
Que o vento a todo o momento
Dá-lhe um beijo malcriado
Não passes mais sem olhar
Não passes sempre a correr
Se passas sem me falar
Eu não passo sem te ver
Repertório de Carminho
Não vás à fonte sozinho
Que os rouxinóis do Mondego
Ao ver-te tão coradinho
Ficam em desassossego
Não andes assim descalço
Sendo lindo como és
Há sempre uma pedra em falso
A querer beijar os teus pés
Não tragas tal sol, tal vento
O teu cabelo doirado
Que o vento a todo o momento
Dá-lhe um beijo malcriado
Não passes mais sem olhar
Não passes sempre a correr
Se passas sem me falar
Eu não passo sem te ver
Forcado
Letra de Isidro de Oliveira
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
De calção e meia branca
Com jaqueta de ramagem
Vais ver se um toiro se arranca
Com uma arrancada franca
Levas contigo a coragem
É assim que entras na praça
Bravo moço de forcado
Orgulho da minha raça
Pegas com alma e com graça
É p’ra ti este meu fado
Fazes arte por amor
Não procuras um tesoiro
Forcado que és amador
Com alegria e valor
Bates as palmas ao toiro
Quando surge uma arrancada
Tu não te furtas ao perigo
Levando o corpo e mais nada
A cabeça é abraçada
Como se fosse um amigo
Então o toiro arrancado
Com fúria feroz e cega
Tem na cabeça o forcado
E por fim é dominado
Assim se faz uma pega
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
De calção e meia branca
Com jaqueta de ramagem
Vais ver se um toiro se arranca
Com uma arrancada franca
Levas contigo a coragem
É assim que entras na praça
Bravo moço de forcado
Orgulho da minha raça
Pegas com alma e com graça
É p’ra ti este meu fado
Fazes arte por amor
Não procuras um tesoiro
Forcado que és amador
Com alegria e valor
Bates as palmas ao toiro
Quando surge uma arrancada
Tu não te furtas ao perigo
Levando o corpo e mais nada
A cabeça é abraçada
Como se fosse um amigo
Então o toiro arrancado
Com fúria feroz e cega
Tem na cabeça o forcado
E por fim é dominado
Assim se faz uma pega
Domingo e cafuné
Letra e música de Carolina Deslandes
Repertório de Fábia Rebordão
De todas as coisas que conheço
És a única que sei de cor
Meu lugar onde adormeço
Meu único lugar de amor
Eu vim do outro lado
De um mundo triste de solidão
Onde o todo é um bocado
Um bocado amargo, sem solução
Debaixo da correnteza
Na raiva da maresia
Vim parar à tua mesa
Quem diria
Que debaixo da lama
Na fúria da maré
Vim parar à tua cama
De domingo e cafuné
De todas as coisas que pergunto
És a única que sei responder
Meu único assunto
Meu bem querer
Vim de onde não há calma
A correr para lugar nenhum
De sítios sem cor e sem alma
No vazio do grito e do zum-zum
Repertório de Fábia Rebordão
De todas as coisas que conheço
És a única que sei de cor
Meu lugar onde adormeço
Meu único lugar de amor
Eu vim do outro lado
De um mundo triste de solidão
Onde o todo é um bocado
Um bocado amargo, sem solução
Debaixo da correnteza
Na raiva da maresia
Vim parar à tua mesa
Quem diria
Que debaixo da lama
Na fúria da maré
Vim parar à tua cama
De domingo e cafuné
De todas as coisas que pergunto
És a única que sei responder
Meu único assunto
Meu bem querer
Vim de onde não há calma
A correr para lugar nenhum
De sítios sem cor e sem alma
No vazio do grito e do zum-zum
Meu viver
Jorge Rosa / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de António Mourão
Não avalia ninguém
O peso da minha dor
Amar-te calando bem
Dentro de mim este amor
A adorar-te a vida inteira
Condenei meu coração
Agora não há maneira
De o livrar dessa prisão
Não duvides do meu querer
Para tal não tens motivo
É p’ra ti o meu viver
E é do teu amor que eu vivo
Mais louco que tu, sou eu
Que vivo a tua loucura
P’ra este errar teu e meu
Não há remédio nem cura
Repertório de António Mourão
Não avalia ninguém
O peso da minha dor
Amar-te calando bem
Dentro de mim este amor
A adorar-te a vida inteira
Condenei meu coração
Agora não há maneira
De o livrar dessa prisão
Não duvides do meu querer
Para tal não tens motivo
É p’ra ti o meu viver
E é do teu amor que eu vivo
Mais louco que tu, sou eu
Que vivo a tua loucura
P’ra este errar teu e meu
Não há remédio nem cura
Trama
Vânia Duarte / André Dias e Vânia Duarte
Repertório de Vânia Duarte
Parto a loiça
Parto os pratos, largo a raiva, faço a trama
Que ideia, não me invento
Não comento, é vazio o meu tormento
Estrago a mala, que importa
Tranco a porta de uma vez
Faço como ele fez
Já não há duas sem três
É preguiça ou altivez
A razão, o coração
Canta só o teu refrão
Faz de ti um rei Leão
É de noite
Alguém canta qualquer tom de saudade
Melodias de verdade
São as portas da loucura, liberdade
Vida dura
Repertório de Vânia Duarte
Parto a loiça
Parto os pratos, largo a raiva, faço a trama
Que ideia, não me invento
Não comento, é vazio o meu tormento
Estrago a mala, que importa
Tranco a porta de uma vez
Faço como ele fez
Já não há duas sem três
É preguiça ou altivez
A razão, o coração
Canta só o teu refrão
Faz de ti um rei Leão
É de noite
Alguém canta qualquer tom de saudade
Melodias de verdade
São as portas da loucura, liberdade
Vida dura
Rebuliço ou confusão
Faço como ele fez
Já não há duas sem três
Faço como ele fez
Já não há duas sem três
Tu és o Deus do meu fado
Letra de João Ferreira Rosa
Repertório de Teresa Tarouca
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
O tempo dantes corria
Que parecia não ter fim
Agora não passa um dia
Sem passar um ano em mim
Disse-te adeus sem saber
Se a minh’alma, à despedida
Fica comigo a sofrer
Ou se vai à tua unida
E ao abrir os olhos meus
Quando triste canto o fado
Olho p’ra ti, vejo Deus
Pois és o Deus do meu fado
Repertório de Teresa Tarouca
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
O tempo dantes corria
Que parecia não ter fim
Agora não passa um dia
Sem passar um ano em mim
Disse-te adeus sem saber
Se a minh’alma, à despedida
Fica comigo a sofrer
Ou se vai à tua unida
E ao abrir os olhos meus
Quando triste canto o fado
Olho p’ra ti, vejo Deus
Pois és o Deus do meu fado
Diz-me
Letra e música de Jorge Cruz
Repertório de Fábia Rebordão
Diz-me inquieto, diz-me sem escudo
Diz-me ao perto, diz-me tudo
Diz-me em perigo, diz-me inocente
Diz-me renascido quase o mesmo, mas diferente
Diz-me como um anjo agora
Frágil, gentil comigo
Diz-me que te vais embora
Diz aquilo que eu não digo
Diz que imploras, que te arrependes
Pensaste bem e afinal me compreendes
Lança um incêndio em que eu arda de ternura
Diz inebriado que um amor assim tem cura
Traz um sopro de alegria
Salva-me com um sorriso
Diz-me tudo o que eu queria
Diz aquilo que é preciso
Diz-me sem rodeios, diz intensamente
Certo, sem receios, possa tudo ser diferente
Diz-me em modos brandos ou cego de revolta
Não fiques imóvel à porta
Diz tolice, faz qualquer coisa
Perde o juízo, dá um berro, parte a loiça
Diz que amanhã não será só mais um dia
Agarra-me os braços, adivinha o que eu diria
Prova o bem que me conheces
Sabes o que ninguém sabe
Mesmo longe não me esqueces
Vá, inventa uma verdade
Repertório de Fábia Rebordão
Diz-me inquieto, diz-me sem escudo
Diz-me ao perto, diz-me tudo
Diz-me em perigo, diz-me inocente
Diz-me renascido quase o mesmo, mas diferente
Diz-me como um anjo agora
Frágil, gentil comigo
Diz-me que te vais embora
Diz aquilo que eu não digo
Diz que imploras, que te arrependes
Pensaste bem e afinal me compreendes
Lança um incêndio em que eu arda de ternura
Diz inebriado que um amor assim tem cura
Traz um sopro de alegria
Salva-me com um sorriso
Diz-me tudo o que eu queria
Diz aquilo que é preciso
Diz-me sem rodeios, diz intensamente
Certo, sem receios, possa tudo ser diferente
Diz-me em modos brandos ou cego de revolta
Não fiques imóvel à porta
Diz tolice, faz qualquer coisa
Perde o juízo, dá um berro, parte a loiça
Diz que amanhã não será só mais um dia
Agarra-me os braços, adivinha o que eu diria
Prova o bem que me conheces
Sabes o que ninguém sabe
Mesmo longe não me esqueces
Vá, inventa uma verdade
Não sei se morro se vivo
Jorge Rosa / Alfredo dos Santos Correeiro
Repertório de Artur Batalha
Mais que viver, revivi
Cada minuto por ti
Em quantas horas te dei
Perdi da vida o motivo
Não sei se morro, se vivo
Sem ti, já nem de mim sei
Grito o teu nome onde passo
E sinto que me desgraço
Agarrado a uma lembrança
Persegue-me a tua imagem
E sigo atrás da miragem
Que o meu braço não alcança
Se alguém não tivesse ainda
Inventado essa tão linda
Palavra que diz: Saudade
Era eu, quase apostava
Que essa palavra inventava
Na tristeza que me invade
Repertório de Artur Batalha
Mais que viver, revivi
Cada minuto por ti
Em quantas horas te dei
Perdi da vida o motivo
Não sei se morro, se vivo
Sem ti, já nem de mim sei
Grito o teu nome onde passo
E sinto que me desgraço
Agarrado a uma lembrança
Persegue-me a tua imagem
E sigo atrás da miragem
Que o meu braço não alcança
Se alguém não tivesse ainda
Inventado essa tão linda
Palavra que diz: Saudade
Era eu, quase apostava
Que essa palavra inventava
Na tristeza que me invade
Andorinhas
Pedro Má Fama / Ana Moura
Repertório de Ana Moura
Passo os meus dias em longas filas
Em aldeias, vilas e cidades
As andorinhas é que são rainhas
A voar as linhas da liberdade
Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p'ra fora
Ir me embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a Primavera
Não me esperem na estação
Um dia disse uma andorinha
Filha, o mundo gira
Usa a brisa a teu favor
A vida diz mentiras
Mas o sol avisa antes de se pôr
Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p'ra fora
Ir me embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a Primavera
Não me esperem na estação
Já a minha mãe dizia
Solta as asas, volta as costas
Sê forte, avança para o mar
Sobe encostas, az apostas
Na sorte, não no azar
Repertório de Ana Moura
Passo os meus dias em longas filas
Em aldeias, vilas e cidades
As andorinhas é que são rainhas
A voar as linhas da liberdade
Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p'ra fora
Ir me embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a Primavera
Não me esperem na estação
Um dia disse uma andorinha
Filha, o mundo gira
Usa a brisa a teu favor
A vida diz mentiras
Mas o sol avisa antes de se pôr
Eu quero tirar os pés do chão
Quero voar daqui p'ra fora
Ir me embora de avião
E só voltar um dia
Vou pôr a mala no porão
Saborear a Primavera
Não me esperem na estação
Já a minha mãe dizia
Solta as asas, volta as costas
Sê forte, avança para o mar
Sobe encostas, az apostas
Na sorte, não no azar
O candeeiro
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
A minha rua é estreitinha
Tem um candeeiro ao fim
Que abre os olhos à noitinha
E fica a olhar p’ra mim
Quando a rua está deserta
Quando a madrugada vem
Está o candeeiro alerta
P’ra ver se lá vem alguém
E por demais é sabido
Que eu não posso dar um passo
Sem que aquele atrevido
Não veja sempre o que eu faço
Está sempre de pé atrás
Se vou à porta ou janela
O candeeiro é capaz
De se pôr de sentinela
A porta sei que se cala
A janela é de bons modos
Mas se o candeeiro fala
Ando na boca de todos
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
A minha rua é estreitinha
Tem um candeeiro ao fim
Que abre os olhos à noitinha
E fica a olhar p’ra mim
Quando a rua está deserta
Quando a madrugada vem
Está o candeeiro alerta
P’ra ver se lá vem alguém
E por demais é sabido
Que eu não posso dar um passo
Sem que aquele atrevido
Não veja sempre o que eu faço
Está sempre de pé atrás
Se vou à porta ou janela
O candeeiro é capaz
De se pôr de sentinela
A porta sei que se cala
A janela é de bons modos
Mas se o candeeiro fala
Ando na boca de todos
Fado verdade
Fernando João / André Teixeira *decassílabo da Leonor*
Repertório de Leonor Santos
A vida é mensageira da saudade
O tempo traz o fim da solidão
A força do amor está na verdade
Oue faz bater mais forte o coração
O remorso vem sempre após o erro
O perdão muitas vezes chega tarde
Se o errar é humano e eu também erro
É porque sou humano e sou verdade
O tempo concedido p'ra viver
Caminha mão na mão com o passado
Se a ambição deitar tudo a perder
A humildade fará sombra ao pecado
Neste mundo que está por descobrir
Desejo que o bom senso prevaleça
E vou passar o tempo a sorrir
A quem uma afeição minha, mereça
Repertório de Leonor Santos
A vida é mensageira da saudade
O tempo traz o fim da solidão
A força do amor está na verdade
Oue faz bater mais forte o coração
O remorso vem sempre após o erro
O perdão muitas vezes chega tarde
Se o errar é humano e eu também erro
É porque sou humano e sou verdade
O tempo concedido p'ra viver
Caminha mão na mão com o passado
Se a ambição deitar tudo a perder
A humildade fará sombra ao pecado
Neste mundo que está por descobrir
Desejo que o bom senso prevaleça
E vou passar o tempo a sorrir
A quem uma afeição minha, mereça
Chaga de sol
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Despi teu corpo, deixei-o
Ser campo ao sul e ser mar
Ser caule de seiva cheio
E noite quase a chegar
E foste quase ternura
Vinho claro, amanhecer
Mãos de fogo em água pura
E verdade até morrer
E foste quase gaivota
No espaço que nos faltou
Asas da nossa derrota
E do frio que ficou
Agora, de ti, nem o espanto
Nem a raiva, nem a dor
Teu corpo, chaga de sol
É meu frio… e foste amor
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Despi teu corpo, deixei-o
Ser campo ao sul e ser mar
Ser caule de seiva cheio
E noite quase a chegar
E foste quase ternura
Vinho claro, amanhecer
Mãos de fogo em água pura
E verdade até morrer
E foste quase gaivota
No espaço que nos faltou
Asas da nossa derrota
E do frio que ficou
Agora, de ti, nem o espanto
Nem a raiva, nem a dor
Teu corpo, chaga de sol
É meu frio… e foste amor
Contos e ditos
Fábia Rebordão / Pedro Rodrigues dos Santos
Repertório de Fábia Rebordão
Tu e ela não falavam
Mas ainda namoravam
Coisas de contos e ditos
Disseram-te que ela lá estava
E que de outro gostava
Chegou-te logo aos ouvidos
O café da rua ao lado
Nem era mal frequentado
Todos diziam que não
Diziam que quando lá ia
Só ia durante o dia
P’ra se encontrar com o João
Tu temias o pior
Porque lhe tinhas amor
Não querias acreditar
No que ela se tinha tornado
Tu ficaste incomodado
Custou-te muito a aceitar
Um dia foste atrás dela
Espreitaste pela janela
No café, estava o João
Vestiste o teu melhor fato
Viste-a entrar com recato
Apenas p'ra comprar pão
Repertório de Fábia Rebordão
Tu e ela não falavam
Mas ainda namoravam
Coisas de contos e ditos
Disseram-te que ela lá estava
E que de outro gostava
Chegou-te logo aos ouvidos
O café da rua ao lado
Nem era mal frequentado
Todos diziam que não
Diziam que quando lá ia
Só ia durante o dia
P’ra se encontrar com o João
Tu temias o pior
Porque lhe tinhas amor
Não querias acreditar
No que ela se tinha tornado
Tu ficaste incomodado
Custou-te muito a aceitar
Um dia foste atrás dela
Espreitaste pela janela
No café, estava o João
Vestiste o teu melhor fato
Viste-a entrar com recato
Apenas p'ra comprar pão
Sonho sereno
Letra de Manuel de Andrade
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Naquela noite o luar
O silêncio, o murmurar
Tudo me fala de ti
Sopro ou brisa, vento ameno
Foi esse sonho sereno
Que nessa noite vivi
Quando as roseiras florirem
E os malmequeres cobrirem
A campina toda em flor
Iremos pelas estradas
Seguiremos de mãos dadas
O trilho do nosso amor
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Naquela noite o luar
O silêncio, o murmurar
Tudo me fala de ti
Sopro ou brisa, vento ameno
Foi esse sonho sereno
Que nessa noite vivi
Quando as roseiras florirem
E os malmequeres cobrirem
A campina toda em flor
Iremos pelas estradas
Seguiremos de mãos dadas
O trilho do nosso amor
Aos poetas dos meus fados
*Nós somos culpados*
Artur Ribeiro / Carlos Neves *fado tamanquinhas*
Repertório de Zélia Lopes
Eu choro de vez em quando
E rio quando há razão
Nos fados que vou cantando
Eu vou rindo e vou chorando
Conforme te vejo ou não
Se canto o fado mais triste
E tu entras de surpresa
Minh’ alma ao riso resiste
E no meu peito (a) persiste
O mesmo ar de tristeza
Mas se canto o Mouraria
E sais sem dizer adeus
Embora seja alegria
O que o meu rosto irradia
Há pranto nos olhos meus
Aos poetas dos meus fados
Perdão por nós vou pedir
Pois só nós somos culpados
De andarem desencontrados
Seus versos (b) do meu sentir
a) No poema original lê-se rosto e não peito
b) No poema original lê-se fados e não versos
Artur Ribeiro / Carlos Neves *fado tamanquinhas*
Repertório de Zélia Lopes
Eu choro de vez em quando
E rio quando há razão
Nos fados que vou cantando
Eu vou rindo e vou chorando
Conforme te vejo ou não
Se canto o fado mais triste
E tu entras de surpresa
Minh’ alma ao riso resiste
E no meu peito (a) persiste
O mesmo ar de tristeza
Mas se canto o Mouraria
E sais sem dizer adeus
Embora seja alegria
O que o meu rosto irradia
Há pranto nos olhos meus
Aos poetas dos meus fados
Perdão por nós vou pedir
Pois só nós somos culpados
De andarem desencontrados
Seus versos (b) do meu sentir
a) No poema original lê-se rosto e não peito
b) No poema original lê-se fados e não versos
Amor sem trono
Fernando João / Júlio Proença *fado proença*
Repertório de Leonor Santos
Noite escura, noite triste
Noite chorando a pureza
Do dia que não vivi
No silencio que persiste
Sou poema sem beleza
Só porque vivo sem ti
Noite que vem longa e calma
Marcando com desespero
A fronteira do meu sonho
A dor que me vai na alma
Faz-me sentir que não quero
O dia que vem tristonho
Vou ficar ao abandono
Nesta noite em que o amor
Passa sem olhar p'ra mim
Meu amor é rei sem trono
E o sal do meu calor
É uma paixão sem fim
Repertório de Leonor Santos
Noite escura, noite triste
Noite chorando a pureza
Do dia que não vivi
No silencio que persiste
Sou poema sem beleza
Só porque vivo sem ti
Noite que vem longa e calma
Marcando com desespero
A fronteira do meu sonho
A dor que me vai na alma
Faz-me sentir que não quero
O dia que vem tristonho
Vou ficar ao abandono
Nesta noite em que o amor
Passa sem olhar p'ra mim
Meu amor é rei sem trono
E o sal do meu calor
É uma paixão sem fim
Domingo na Mouraria
Letra de Jorge Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
No quase nada que resta
Da velhinha Mouraria
Há um Domingo de festa
Tão puro e sem fantasia
É quando Nossa Senhora
Sai a dar o seu passeio
Por entre o povo que a adora
E faz da fé seu recreio
Alfazema e rosmaninho
Perfumam o ar e o chão
Reza-se o fado baixinho
Canta-se alto uma oração
E pelos recantos sujos
Da Moirama, da Severa
Há mais tropa, mais marujos
E Maio é mais Primavera
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
No quase nada que resta
Da velhinha Mouraria
Há um Domingo de festa
Tão puro e sem fantasia
É quando Nossa Senhora
Sai a dar o seu passeio
Por entre o povo que a adora
E faz da fé seu recreio
Alfazema e rosmaninho
Perfumam o ar e o chão
Reza-se o fado baixinho
Canta-se alto uma oração
E pelos recantos sujos
Da Moirama, da Severa
Há mais tropa, mais marujos
E Maio é mais Primavera
Classe
Conan Osíris / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório de Ana Moura
Que eu caia de uma cadeira
Da escada, d' uma ladeira
Se eu me esqueci de estudar
Cada palavra certeira
Cada gestinho e maneira
Que usas p’ra me arreliar
E que eu morra aqui viúva
Seca que nem passa d’uva
Se alguma vez revelei
No teste que fiz à chuva
Calçaram como uma luva
Os lábios que ali beijei
Toda a flor em ti floresce
Toda a raça, toda a prece
O regaço laça o enlace
Ai se a tua avó soubesse
O sabor dessa benesse
De passar a quarta classe
As flores podem murchar
A minha terra rachar
Do Algarve até ao Minho
Eu hei-de sempre cantar
Nunca havia de chumbar
Na classe do teu beijinho
Repertório de Ana Moura
Que eu caia de uma cadeira
Da escada, d' uma ladeira
Se eu me esqueci de estudar
Cada palavra certeira
Cada gestinho e maneira
Que usas p’ra me arreliar
E que eu morra aqui viúva
Seca que nem passa d’uva
Se alguma vez revelei
No teste que fiz à chuva
Calçaram como uma luva
Os lábios que ali beijei
Toda a flor em ti floresce
Toda a raça, toda a prece
O regaço laça o enlace
Ai se a tua avó soubesse
O sabor dessa benesse
De passar a quarta classe
As flores podem murchar
A minha terra rachar
Do Algarve até ao Minho
Eu hei-de sempre cantar
Nunca havia de chumbar
Na classe do teu beijinho
À partida
Letra de Manuel de Andrade
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Estava a cidade despida
Estavam meus braços caídos
Estava negra, negra a vida
Mais negros os meus sentidos
Perdido na multidão
Teu lenço branco acenava
E o meu pobre coração
Branco, mais branco, ficava
Teu riso, quase chorava
Teus olhos, esses não li
Teu olhar tão longe estava
Tão longe que nem o vi
À partida como à morte
Tudo se torna diferente
Já não há tempo que importe
Importa partir, somente
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Estava a cidade despida
Estavam meus braços caídos
Estava negra, negra a vida
Mais negros os meus sentidos
Perdido na multidão
Teu lenço branco acenava
E o meu pobre coração
Branco, mais branco, ficava
Teu riso, quase chorava
Teus olhos, esses não li
Teu olhar tão longe estava
Tão longe que nem o vi
À partida como à morte
Tudo se torna diferente
Já não há tempo que importe
Importa partir, somente
Contrato
Letra e música de Fábia Rebordão
Repertório da autora
Controvérsias e conversas
Estamos sempre às avessas
Não vou por ali
Tu dizes: "tens de ir”
Se pequeno ou grande
Se eu disser que "até depende”
Se o que quero ou não quero
És tu a decidir
Sempre, só desculpas
Subtilmente pões-me as culpas
E ocultas a verdade p'ra me confundir
Dizes que a razão está ao teu lado
Pois então pontuas a conversa "ponto"
Sem sequer me ouvir
E assim segue o desfecho sempre igual
Da história que sem história é o teu papel
Sem ter qualquer definição moral
Que o preço a pagar é tão cruel
Mas este contrato não tem termos vitalícios
E acredita que os indícios dão em rescisão
A cláusula três dizia que
De quando em vez devias pensar nos porquês
Porque nem sempre tens razão
Repertório da autora
Controvérsias e conversas
Estamos sempre às avessas
Não vou por ali
Tu dizes: "tens de ir”
Se pequeno ou grande
Se eu disser que "até depende”
Se o que quero ou não quero
És tu a decidir
Sempre, só desculpas
Subtilmente pões-me as culpas
E ocultas a verdade p'ra me confundir
Dizes que a razão está ao teu lado
Pois então pontuas a conversa "ponto"
Sem sequer me ouvir
E assim segue o desfecho sempre igual
Da história que sem história é o teu papel
Sem ter qualquer definição moral
Que o preço a pagar é tão cruel
Mas este contrato não tem termos vitalícios
E acredita que os indícios dão em rescisão
A cláusula três dizia que
De quando em vez devias pensar nos porquês
Porque nem sempre tens razão
A rua onde ninguém mora
Artur Ribeiro / Cavalheiro Júnior *fado porto*
Repertório de Renato Mota
A rua onde ninguém mora
Duma cidade perdida
Num país por descobrir
É o que me lembra agora
Este arremedo de vida
Que tu deixaste ao partir
Este ficar acordado
No meu quarto de ti cheio
A ver o tempo passar
Este arremedo de fado
Que num murmúrio, eu trauteio
Mas nunca chego a cantar
E enquanto a minha razão
Grita razões que eu aprovo
Para não ver-te jamais
Este doido coração
Tanto quer ver-te de novo
Como não quer ver-te mais
Repertório de Renato Mota
A rua onde ninguém mora
Duma cidade perdida
Num país por descobrir
É o que me lembra agora
Este arremedo de vida
Que tu deixaste ao partir
Este ficar acordado
No meu quarto de ti cheio
A ver o tempo passar
Este arremedo de fado
Que num murmúrio, eu trauteio
Mas nunca chego a cantar
E enquanto a minha razão
Grita razões que eu aprovo
Para não ver-te jamais
Este doido coração
Tanto quer ver-te de novo
Como não quer ver-te mais
Maldita dor
José Fernandes Castro / André Teixeira *fado guilherme*
Repertório de Leonor Santos
Oh maldita dor que marcas presença
Trazendo a amargura violentamente
Causadora-mor da dor mais intensa
Que deixas escura a alma da gente
Sabemos que tens a vil crueldade
Usada a destempo de forma mordaz
E sempre que vens roubar felicidade
Trazes o tormento que tanto mal faz
Oh maldita dor, vai-te lá embora
E deixa comigo a minha verdade
Eu quero supor que a alma só chora
Porque tem consigo a luz da saudade
Repertório de Leonor Santos
Oh maldita dor que marcas presença
Trazendo a amargura violentamente
Causadora-mor da dor mais intensa
Que deixas escura a alma da gente
Sabemos que tens a vil crueldade
Usada a destempo de forma mordaz
E sempre que vens roubar felicidade
Trazes o tormento que tanto mal faz
Oh maldita dor, vai-te lá embora
E deixa comigo a minha verdade
Eu quero supor que a alma só chora
Porque tem consigo a luz da saudade
O fado que nos encanta
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
O Fado que nos encanta
Tem por lema este ditado
Tão fadista é o que canta
Como o que aprecia o Fado
O Fado que nos encanta
A mais linda das canções
Quando sai duma garganta
Entra em nossos corações
E na saudade que encerra
Tem por lema este ditado
Quanto mais longe da Terra
Mais se torna desejado
E se uma voz se levanta
Num verdadeiro ambiente
Tão fadista é o que canta
Como quem o ouve e sente
Porque às vezes – notem bem
O cantador mais louvado
Não sabe sentir tão bem
Como o que aprecia o Fado
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
O Fado que nos encanta
Tem por lema este ditado
Tão fadista é o que canta
Como o que aprecia o Fado
O Fado que nos encanta
A mais linda das canções
Quando sai duma garganta
Entra em nossos corações
E na saudade que encerra
Tem por lema este ditado
Quanto mais longe da Terra
Mais se torna desejado
E se uma voz se levanta
Num verdadeiro ambiente
Tão fadista é o que canta
Como quem o ouve e sente
Porque às vezes – notem bem
O cantador mais louvado
Não sabe sentir tão bem
Como o que aprecia o Fado
Sozinha lá fora
Letra e música de Ana Moura
Repertório da autora
Se deixar o coração de fadista falar
Vou pedir-te que venhas agora
Mas tarde, lembro que pode matar
E eu não quero ficar mais sozinha lá fora
Não quero ficar sozinha lá fora
Mas lanço-me e apresso a hora
Não quero ficar sozinha lá fora
Quero acalmar este peito que chora
Quem vem salvar-me quando me deito
No pranto que agoniza o meu canto
Talvez seja Pedro e entretanto
As mãos em cruz sobre o peito
Das mãos de Deus tudo aceito
Talvez que eu morra lá fora
Talvez que eu morra entretanto
Não quero ficar sozinha lá fora
Quero-me na luz do meu canto
Talvez que eu morra lá fora
Talvez que eu morra entretanto
Não quero ficar sozinha lá fora
Vem que é já hora e eu canto
Repertório da autora
Se deixar o coração de fadista falar
Vou pedir-te que venhas agora
Mas tarde, lembro que pode matar
E eu não quero ficar mais sozinha lá fora
Não quero ficar sozinha lá fora
Mas lanço-me e apresso a hora
Não quero ficar sozinha lá fora
Quero acalmar este peito que chora
Quem vem salvar-me quando me deito
No pranto que agoniza o meu canto
Talvez seja Pedro e entretanto
As mãos em cruz sobre o peito
Das mãos de Deus tudo aceito
Talvez que eu morra lá fora
Talvez que eu morra entretanto
Não quero ficar sozinha lá fora
Quero-me na luz do meu canto
Talvez que eu morra lá fora
Talvez que eu morra entretanto
Não quero ficar sozinha lá fora
Vem que é já hora e eu canto
Tenho um encontro marcado
Letra de João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho um encontro marcado
Com o sol do fim do dia
Mais um dia, mais um fado
P’ra me fazer companhia
Céu azul, branco e dourado
De beleza e fantasia
O Tejo iluminado
Resplendor da agonia
Vejo Sintra, vejo os montes
Vejo Lisboa encantado
Recordo o cantar das fontes
Quando estavas a meu lado
Arco-íris deslumbrante
Tão vivo eu nunca vi
E nesse preciso instante
Tive saudades de ti
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho um encontro marcado
Com o sol do fim do dia
Mais um dia, mais um fado
P’ra me fazer companhia
Céu azul, branco e dourado
De beleza e fantasia
O Tejo iluminado
Resplendor da agonia
Vejo Sintra, vejo os montes
Vejo Lisboa encantado
Recordo o cantar das fontes
Quando estavas a meu lado
Arco-íris deslumbrante
Tão vivo eu nunca vi
E nesse preciso instante
Tive saudades de ti
Ai isso era saberes demais
Rui Rocha / Miguel Rebelo
Repertório de Fábia Rebordão
Ai isso era saberes demais
Nem pouco te hei-de eu contar
Não vou falar nem dissimular bem
Isso era saberes demais
Não revelar nem te segredar bem
Isso era saberes demais
Contam-me histórias sem verdades
Queres saber?
De quem só sofre de saudades
Sem sofrer
Da velha feira das vaidades
Que irá ter
Mil bancas cheias de ansiedades
Contam-me enredos de novelas
Sem guião
E das meninas às janelas
Na canção
Que o fado escorre nas vielas
Por condão
E já fumegam as tigelas
Já sei que o homem descartou
O que aprendeu
E a tristeza até chorou
Quando nasceu
Que o tempo esquece que parou
Porque correu
E nem ele próprio reparou
Já sei que queres que eu te diga
Finalmente
A vida é breve na intriga
Simplesmente
Que a sorte existe e nos obriga
Estando ausente
A ser assim como a formiga
Não me apoquento nem te sobressalto
Bendito seja o domingo
E o passeio costumeiro
Não me perguntes sem que eu te responda
Entre ti e o final
Esta história acaba mal
Não queiras saber demais
Denunciar nem me declarar bem
Isso era saberes demais
Manifestar nem te conjurar bem
Isso era saberes demais
Me desviar nem me lastimar bem
Isso era saberes demais
Repertório de Fábia Rebordão
Ai isso era saberes demais
Nem pouco te hei-de eu contar
Não vou falar nem dissimular bem
Isso era saberes demais
Não revelar nem te segredar bem
Isso era saberes demais
Contam-me histórias sem verdades
Queres saber?
De quem só sofre de saudades
Sem sofrer
Da velha feira das vaidades
Que irá ter
Mil bancas cheias de ansiedades
Contam-me enredos de novelas
Sem guião
E das meninas às janelas
Na canção
Que o fado escorre nas vielas
Por condão
E já fumegam as tigelas
Já sei que o homem descartou
O que aprendeu
E a tristeza até chorou
Quando nasceu
Que o tempo esquece que parou
Porque correu
E nem ele próprio reparou
Já sei que queres que eu te diga
Finalmente
A vida é breve na intriga
Simplesmente
Que a sorte existe e nos obriga
Estando ausente
A ser assim como a formiga
Não me apoquento nem te sobressalto
Bendito seja o domingo
E o passeio costumeiro
Não me perguntes sem que eu te responda
Entre ti e o final
Esta história acaba mal
Não queiras saber demais
Denunciar nem me declarar bem
Isso era saberes demais
Manifestar nem te conjurar bem
Isso era saberes demais
Me desviar nem me lastimar bem
Isso era saberes demais
Desabafos
Letra de João de Freitas
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Guitarra de Portugal, de Setembro de 1945
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Publicada no jornal Guitarra de Portugal, de Setembro de 1945
com dedicatória ao prezado amigo Óscar Silva Tavares.
Conta só à minha mãe
Coração, o teu amor
Não contes a mais ninguém
Podem rir da minha dor
Se não podes mais, desata
O nó que a apertar-te vem
E o martírio que te mata
Conta só à minha mãe
Tens um segredo guardado
E passas horas de horror
Se é sem esperança, desgraçado
Coração, o teu amor
Sufoco os ais na garganta
E aconselho-te, meu bem
Se contares àquela santa
Não contes a mais ninguém
Das más línguas tenho medo
Coração, mostra valor
Se não guardas teu segredo
Podem rir da minha dor
Conta só à minha mãe
Coração, o teu amor
Não contes a mais ninguém
Podem rir da minha dor
Se não podes mais, desata
O nó que a apertar-te vem
E o martírio que te mata
Conta só à minha mãe
Tens um segredo guardado
E passas horas de horror
Se é sem esperança, desgraçado
Coração, o teu amor
Sufoco os ais na garganta
E aconselho-te, meu bem
Se contares àquela santa
Não contes a mais ninguém
Das más línguas tenho medo
Coração, mostra valor
Se não guardas teu segredo
Podem rir da minha dor
Palma
David Mourão-Ferreira / Carminho
Repertório de Carminho
Lisas, as costas da mão
Cerrada, rugosa, a palma
Teu corpo deixou-me a alma
Na sombra da confusão
Lisas, as costas da mão
Mas por dentro, mas por dentro
Que labirinto sangrento
As unhas encontrarão
Ai… quando a palma se alcança
Ai… quando a alma se acalma
Na superfície da palma
Que sorrisos de criança
Ai… quando a palma se alcança
Logo no dorso da mão
Veias, nervos, mostrarão
Inquietação, desesperança
Repertório de Carminho
Lisas, as costas da mão
Cerrada, rugosa, a palma
Teu corpo deixou-me a alma
Na sombra da confusão
Lisas, as costas da mão
Mas por dentro, mas por dentro
Que labirinto sangrento
As unhas encontrarão
Ai… quando a palma se alcança
Ai… quando a alma se acalma
Na superfície da palma
Que sorrisos de criança
Ai… quando a palma se alcança
Logo no dorso da mão
Veias, nervos, mostrarão
Inquietação, desesperança
Velho Bairro Alto
Fernanda de Castro / Daniel Gouveia
Repertório de Daniel Gouveia
Bairro Alto… até a lua
Já sabe cantar o Fado
Cada pedra, cada rua
Tem o seu nome gravado
Janelas do Bairro Alto
Canários e sardinheiras
Roupa branca a esvoaçar
Como pombas ou bandeiras
Ó meu bairro, Bairro Alto
Dos garotos dos jornais
Dos fadistas, das guitarras
Dos pregões e dos pardais;
Bairro Alto sempre novo
Dos fidalgos e do povo
As casas do Bairro Alto
Mesmo as feias, são bonitas
Pois todas parecem feitas
De retalhinhos de chita
E as janelas e postigos
Com seus vestidos de cassa (a)
Parecem dizer adeus
A toda a gente que passa
(a) tecido transparente de linho ou algodão
Bairro Alto… até a lua
Já sabe cantar o Fado
Cada pedra, cada rua
Tem o seu nome gravado
Janelas do Bairro Alto
Canários e sardinheiras
Roupa branca a esvoaçar
Como pombas ou bandeiras
Ó meu bairro, Bairro Alto
Dos garotos dos jornais
Dos fadistas, das guitarras
Dos pregões e dos pardais;
Bairro Alto sempre novo
Dos fidalgos e do povo
As casas do Bairro Alto
Mesmo as feias, são bonitas
Pois todas parecem feitas
De retalhinhos de chita
E as janelas e postigos
Com seus vestidos de cassa (a)
Parecem dizer adeus
A toda a gente que passa
(a) tecido transparente de linho ou algodão
No fim
*Mentir por nós é amor*
Diogo Clemente
Carlos Simões Neves *fado tamanquinhas
Júlio Proença *fado proença*
Repertório de Sara Correia
Não penses que não te vejo
Ou tão pouco és indiferente
Fico e suspendo o desejo
Imagino a dor e o beijo
Mesmo aqui à minha frente
Muitas vezes sem que visses
Eu cantava p’la cortina
Nas horas em que passavas
Talvez se um dia ouvisses
Ia ver-te ao fim da esquina
Rua abaixo onde moravas
Por muito que me afastasse
O destino é de quem ama
Rasga-me a alma, perder
Nunca pedi que te amasse
O amor é que me chama
Sempre que quero esquecer
É a vez de nos olharmos
Aqui me tens para ti
Mentirei se nos beijarmos
Acredito que ao jurarmos
Rompi o medo e menti
Repertório de Sara Correia
Não penses que não te vejo
Ou tão pouco és indiferente
Fico e suspendo o desejo
Imagino a dor e o beijo
Mesmo aqui à minha frente
Muitas vezes sem que visses
Eu cantava p’la cortina
Nas horas em que passavas
Talvez se um dia ouvisses
Ia ver-te ao fim da esquina
Rua abaixo onde moravas
Por muito que me afastasse
O destino é de quem ama
Rasga-me a alma, perder
Nunca pedi que te amasse
O amor é que me chama
Sempre que quero esquecer
É a vez de nos olharmos
Aqui me tens para ti
Mentirei se nos beijarmos
Acredito que ao jurarmos
Rompi o medo e menti
Saltei contigo à fogueira
Letra de Artur Soares Pereira
Desconheço se esta letra foi gravida
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Saltei contigo à fogueira
Na noite de São João
Numa ingénua brincadeira
Queimei o meu coração
No nosso beco enfeitado
Deu-se um dia um bailarico
Onde o cheiro a manjerico
Andava por todo o lado
Para ser mais animado
O baile, encheu-se um balão
No meio dessa animação
Eu, alegre e prazenteira
Saltei contigo à fogueira
Na noite de São João
Aquilo é que foi dançar
Até ao romper do dia
Eu nem sequer compreendia
Que te começava a amar
Depois do baile acabar
É que eu voltei à razão
E vi que, nessa função
Sem saber de que maneira
Numa ingénua brincadeira
Queimei o meu coração
Desconheço se esta letra foi gravida
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Saltei contigo à fogueira
Na noite de São João
Numa ingénua brincadeira
Queimei o meu coração
No nosso beco enfeitado
Deu-se um dia um bailarico
Onde o cheiro a manjerico
Andava por todo o lado
Para ser mais animado
O baile, encheu-se um balão
No meio dessa animação
Eu, alegre e prazenteira
Saltei contigo à fogueira
Na noite de São João
Aquilo é que foi dançar
Até ao romper do dia
Eu nem sequer compreendia
Que te começava a amar
Depois do baile acabar
É que eu voltei à razão
E vi que, nessa função
Sem saber de que maneira
Numa ingénua brincadeira
Queimei o meu coração
O fado é eterno
Fernando João / Franklim Godinho
Repertório de Leonor Santos
Não me venham cá dizer
Que esta prece morrerá
O fado não vai morrer
Enquanto eu andar por cá
O fado, canção dolente
Não se pode ignorar
É a voz de toda a gente
Que diz a vida a cantar
Não canto só fado antigo
Mas também o atual
Os dois eu trago comigo
Pois ambos são Portugal
Por isso esta verdade
Direi hoje e amanhã
O fado não tem idade
Portanto não morrerá
Repertório de Leonor Santos
Não me venham cá dizer
Que esta prece morrerá
O fado não vai morrer
Enquanto eu andar por cá
O fado, canção dolente
Não se pode ignorar
É a voz de toda a gente
Que diz a vida a cantar
Não canto só fado antigo
Mas também o atual
Os dois eu trago comigo
Pois ambos são Portugal
Por isso esta verdade
Direi hoje e amanhã
O fado não tem idade
Portanto não morrerá
Voltei à vida
José Fernandes Castro / Júlio de Sousa *fado loucura*
Repertório de Lúcio Bamond
Estou aqui
Votei à vida
Voltei p’ra continuar
A ser o que quero ser
Estou aqui
De voz erguida
Se nasci para cantar
A cantar quero viver
Venci o medo que me trazia amarrado
E me dizia que o fado
Que era meu, ia ter fim
Venci as dores da alma que Deus me deu
Agora olho p’ró céu
Porque o céu olha por mim
Estou aqui
De corpo inteiro
O meu tempo derradeiro
Tem o destino p’la frente
Estou aqui
Na minha praia
Sou onda que não desmaia
Nem se perde na corrente
Repertório de Lúcio Bamond
Estou aqui
Votei à vida
Voltei p’ra continuar
A ser o que quero ser
Estou aqui
De voz erguida
Se nasci para cantar
A cantar quero viver
Venci o medo que me trazia amarrado
E me dizia que o fado
Que era meu, ia ter fim
Venci as dores da alma que Deus me deu
Agora olho p’ró céu
Porque o céu olha por mim
Estou aqui
De corpo inteiro
O meu tempo derradeiro
Tem o destino p’la frente
Estou aqui
Na minha praia
Sou onda que não desmaia
Nem se perde na corrente
Sorri Alfama
Letra e música de Carlos Leitão
Repertório de Vânia Duarte
Fechei a porta, deitei fora a chave antiga
Fiz-me ao caminho, p’ra ver Lisboa daqui
Senti que Alfama não me dava só guarida
Dava-me à luz, como o sol se dá aqui
Não há pregões nem há canoas por cantar
É outra coisa, menos dor, mais alegria
Se eu quis Alfama p’ra sorrir e para amar
É- porque Alfama canta o fado todo o dia
Sorri Alfama e vem brincar
Que os meus dois putos querem ser a tua rua
Sorri, Alfama, que o sol nasceu
E quer ser teu como a saudade é sempre tua
Sorri, Alfama se a noite acaba
E a fadistice já tem horas p’ra dormir
Sorri, Alfama, queres acordar
Trago os bons dias p’ra te dar sempre a sorrir
Repertório de Vânia Duarte
Fechei a porta, deitei fora a chave antiga
Fiz-me ao caminho, p’ra ver Lisboa daqui
Senti que Alfama não me dava só guarida
Dava-me à luz, como o sol se dá aqui
Não há pregões nem há canoas por cantar
É outra coisa, menos dor, mais alegria
Se eu quis Alfama p’ra sorrir e para amar
É- porque Alfama canta o fado todo o dia
Sorri Alfama e vem brincar
Que os meus dois putos querem ser a tua rua
Sorri, Alfama, que o sol nasceu
E quer ser teu como a saudade é sempre tua
Sorri, Alfama se a noite acaba
E a fadistice já tem horas p’ra dormir
Sorri, Alfama, queres acordar
Trago os bons dias p’ra te dar sempre a sorrir
Se amanhã eu me despir
Letra de João Fezas Vital
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Se amanhã eu me despir
De encontro ao frio da cidade
E alguém me descobrir
Aonde dói a verdade;
És tu, amor, a vestir
O meu corpo de saudade
Se amanhã me ouvires gritar
À janela de te ver
É que a vontade de amar
Me faz ter medo de ser;
Como quem vai a afogar
Mesmo antes de nascer
Se amanhã vier descalço
P’los caminhos do amor
É porque perdi os sonhos
A sorrir à minha dor;
Se amanhã vier descalço
Não me deixes, por favor
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Se amanhã eu me despir
De encontro ao frio da cidade
E alguém me descobrir
Aonde dói a verdade;
És tu, amor, a vestir
O meu corpo de saudade
Se amanhã me ouvires gritar
À janela de te ver
É que a vontade de amar
Me faz ter medo de ser;
Como quem vai a afogar
Mesmo antes de nascer
Se amanhã vier descalço
P’los caminhos do amor
É porque perdi os sonhos
A sorrir à minha dor;
Se amanhã vier descalço
Não me deixes, por favor
Meu Fado de hoje e de sempre
Letra de José Fernandes Castro e Mónica Costa
Música de Raúl Portela *fado magala*
Com a voz que Deus me deu
Eu canto de olhar fechado
Guitarras são o meu céu
Sopro profundo do fado
Enquanto o meu xaile dança
Minha alma esquece tudo
Eu pareço uma criança
De coração tão desnudo
Canto e choro de contente
Enquanto o xaile bailar
Dou-me toda inteiramente
O meu é destino cantar
Fado de ontem, fado de hoje
Redenção, alento e puro
Enquanto o tempo não foge
Faço valer o futuro
Com a voz que Deus me deu
Eu canto de olhar cerrado
Ao dar aquilo que é meu
Sinto bem que sou do fado
Música de Raúl Portela *fado magala*
Com a voz que Deus me deu
Eu canto de olhar fechado
Guitarras são o meu céu
Sopro profundo do fado
Enquanto o meu xaile dança
Minha alma esquece tudo
Eu pareço uma criança
De coração tão desnudo
Canto e choro de contente
Enquanto o xaile bailar
Dou-me toda inteiramente
O meu é destino cantar
Fado de ontem, fado de hoje
Redenção, alento e puro
Enquanto o tempo não foge
Faço valer o futuro
Com a voz que Deus me deu
Eu canto de olhar cerrado
Ao dar aquilo que é meu
Sinto bem que sou do fado
Que da voz te nasçam pombas
Letra e música de Pedro Abrunhosa
Repertório de Sara Correia
Dizem que o meu fado é triste
Mão vazia desencontrada
Triste adeus este que existe
No beijo que não pediste
Tua voz amortalhada
Coração parou de espanto
Por outrem despedaçado
Foi no cais onde me viste
Contra o chão de peito em riste
Dizem que é triste o meu fado
Dizem que é triste o meu fado
Que da voz te nasçam pombas
Cresça luz onde houver sombras
Pode ser alegre ou triste
O teu fado em mim resiste
Que da voz te nasçam pombas
Dizem que é triste o meu fado
Na distância do teu beijo
Na dor de um quarto fechado
Um quarto ainda lembrado
Do teu corpo que não vejo
Barco que levas meus ais
Num balanço de ternura
Olhos que não voltam mais
Meu fado para onde vais
Deixa em mim esta loucura
Deixa em mim esta loucura
Repertório de Sara Correia
Dizem que o meu fado é triste
Mão vazia desencontrada
Triste adeus este que existe
No beijo que não pediste
Tua voz amortalhada
Coração parou de espanto
Por outrem despedaçado
Foi no cais onde me viste
Contra o chão de peito em riste
Dizem que é triste o meu fado
Dizem que é triste o meu fado
Que da voz te nasçam pombas
Cresça luz onde houver sombras
Pode ser alegre ou triste
O teu fado em mim resiste
Que da voz te nasçam pombas
Dizem que é triste o meu fado
Na distância do teu beijo
Na dor de um quarto fechado
Um quarto ainda lembrado
Do teu corpo que não vejo
Barco que levas meus ais
Num balanço de ternura
Olhos que não voltam mais
Meu fado para onde vais
Deixa em mim esta loucura
Deixa em mim esta loucura
Meu coração
Letra de Isidoro de Oliveira
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Ansiedade vivida
Em busca dum grande amor
Eu sigo à toa na vida
Entre a tristeza e a dor
Vontade de Deus, que quero
Guardar no meu coração
É da sua mão que espero
Receber a salvação
Meu coração, sem que eu queira
Andas de amor à procura
Andas sem eira nem beira
E já ninguém te segura
Não mando em ti, coração
Que mudas constantemente
Vais de paixão em paixão
Julgas ser independente
Independente não és
Não és tu, nem é ninguém
Entre ventos e marés
Nós dependemos de alguém
Onde vais, sempre a fazer
Teus erros, pecados meus
Pára, deixa de bater
Deixa que eu parta p’ra Deus
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Ansiedade vivida
Em busca dum grande amor
Eu sigo à toa na vida
Entre a tristeza e a dor
Vontade de Deus, que quero
Guardar no meu coração
É da sua mão que espero
Receber a salvação
Meu coração, sem que eu queira
Andas de amor à procura
Andas sem eira nem beira
E já ninguém te segura
Não mando em ti, coração
Que mudas constantemente
Vais de paixão em paixão
Julgas ser independente
Independente não és
Não és tu, nem é ninguém
Entre ventos e marés
Nós dependemos de alguém
Onde vais, sempre a fazer
Teus erros, pecados meus
Pára, deixa de bater
Deixa que eu parta p’ra Deus
Marcha de Alcântara de 1969
José da Silva Nunes / Jorge d’Ávila
Repertório de Carminho
Meu par gingão é refilão judeu
Mas no amor é o melhor
Que Alcântara tem de seu
Alcântara vê o Tejo aos pés
Que vem ao mar e anda a bailar
No vaivém das marés
Cantar e rir, não há melhor p'ra mim
E notem bem, feliz de quem
Sabe viver assim
Venham ver para depois contar
Como eu cá sou feliz
Com o meu par
Alcântara vai com a cantiga que apregoa
Na melhor marcha que tem Lisboa
Deixem passar, sim
Porque Alcântara quando passa
Traz na alma doce e calma
E o valor da nossa raça
Parai, olhai, que Alcântara vai cantar
Lindas canções
Com mil balões para atirar ao ar
Venham cá ver o bairro audaz
Que nos seduz e encheu de luz
O balão que hoje traz
Alcântara vem, se queres viver e amar
Não digas não que ao coração
Sabe-lhe bem cantar
Venham ver a marcha popular
Que traz meu coração a palpitar
Repertório de Carminho
Meu par gingão é refilão judeu
Mas no amor é o melhor
Que Alcântara tem de seu
Alcântara vê o Tejo aos pés
Que vem ao mar e anda a bailar
No vaivém das marés
Cantar e rir, não há melhor p'ra mim
E notem bem, feliz de quem
Sabe viver assim
Venham ver para depois contar
Como eu cá sou feliz
Com o meu par
Alcântara vai com a cantiga que apregoa
Na melhor marcha que tem Lisboa
Deixem passar, sim
Porque Alcântara quando passa
Traz na alma doce e calma
E o valor da nossa raça
Parai, olhai, que Alcântara vai cantar
Lindas canções
Com mil balões para atirar ao ar
Venham cá ver o bairro audaz
Que nos seduz e encheu de luz
O balão que hoje traz
Alcântara vem, se queres viver e amar
Não digas não que ao coração
Sabe-lhe bem cantar
Venham ver a marcha popular
Que traz meu coração a palpitar
Tenho uma pedra encarnada
Letra de João Ferreira Rosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho uma pedra encarnada
Que me deram em menino
Que é a prova mais provada
Do amor do meu destino
Melhor que as rocas de prata
P’ra calar o meu chorar
Quando no berço gritava
E me não queria calar
Ao colo de minha mãe
Aquela pedra encarnada
É verdade lembro bem
Como com ela brincava
Estava na mão de meu pai
Que minha mãe enlaçava
De pequeno, sei também
Como ela me encantava
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Tenho uma pedra encarnada
Que me deram em menino
Que é a prova mais provada
Do amor do meu destino
Melhor que as rocas de prata
P’ra calar o meu chorar
Quando no berço gritava
E me não queria calar
Ao colo de minha mãe
Aquela pedra encarnada
É verdade lembro bem
Como com ela brincava
Estava na mão de meu pai
Que minha mãe enlaçava
De pequeno, sei também
Como ela me encantava
A Marcelina
Raquel Tavares e Vânia Duarte / Raquel Tavares *fado primeiro*
Repertório de Vânia Leal
Na esquina da minha rua
Já morou a Marcelina
Vivia histórias de amor
Emprestadas à menina
Ao destino deu a vida
No pecado quis ficar
Pudesse ela escolher
Outra história p’ra contar
Ficou só ela e o fado
E a vontade de o cantar
P’la janela trauteava
Recados que qu’ria dar
A menina foi mulher
Deu à dor o coração
Só nos seus versos vivia
As horas de solidão
Disse adeus à Marcelina
E ao nada que era seu
Deixou saudades à rua
E à menina que era eu
Repertório de Vânia Leal
Na esquina da minha rua
Já morou a Marcelina
Vivia histórias de amor
Emprestadas à menina
Ao destino deu a vida
No pecado quis ficar
Pudesse ela escolher
Outra história p’ra contar
Ficou só ela e o fado
E a vontade de o cantar
P’la janela trauteava
Recados que qu’ria dar
A menina foi mulher
Deu à dor o coração
Só nos seus versos vivia
As horas de solidão
Disse adeus à Marcelina
E ao nada que era seu
Deixou saudades à rua
E à menina que era eu
Desde que tu partiste
Carminho / Joaquim Campos *alexandrino*
Repertório de Teresa Siqueira
Desde que tu partiste eu não voltei à casa
Aonde eu fui criança, aonde fui feliz
Desde que tu partiste, trago a memoria baça
Regresso com a lembrança do que alguém me diz
Dizem-me cores transparentes duma lareira acesa
Contam ser das amoras, o cheiro desses meses
Memórias são sementes, promessa de algo inteiro
Mas são esperas e horas que morrem muitas vezes
Não recordo a saudade, porque a distância destrói
A casa onde viveste, eu já não lembro por fim.
Mas p’ra dizer a verdade, aquilo que mais me dói
Desde que tu partiste, é não me lembrar de mim
Repertório de Teresa Siqueira
Desde que tu partiste eu não voltei à casa
Aonde eu fui criança, aonde fui feliz
Desde que tu partiste, trago a memoria baça
Regresso com a lembrança do que alguém me diz
Dizem-me cores transparentes duma lareira acesa
Contam ser das amoras, o cheiro desses meses
Memórias são sementes, promessa de algo inteiro
Mas são esperas e horas que morrem muitas vezes
Não recordo a saudade, porque a distância destrói
A casa onde viveste, eu já não lembro por fim.
Mas p’ra dizer a verdade, aquilo que mais me dói
Desde que tu partiste, é não me lembrar de mim
Amor mudo
Mote popular / Glosa de Artur Soares Pereira
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Mote popular
Não fales, faz-me sinais
Por causa da minha mãe
Os mudos também não falam
E entendem-se muito bem
Nós namoramos, é certo
Sem licença dos meus pais
Quando houver alguém por perto
Não fales, faz-me sinais
Sei que há outras raparigas
Que gostam de ti, também
Comigo não quero intrigas
Por causa da minha mãe
Se nos virem a falar
As más línguas não se calam
Quando estão a namorar
Os mudos também não falam
Calamos a nossa voz
Se perto estiver alguém
Os olhos falam por nós
E entendem-se muito bem
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Mote popular
Não fales, faz-me sinais
Por causa da minha mãe
Os mudos também não falam
E entendem-se muito bem
Nós namoramos, é certo
Sem licença dos meus pais
Quando houver alguém por perto
Não fales, faz-me sinais
Sei que há outras raparigas
Que gostam de ti, também
Comigo não quero intrigas
Por causa da minha mãe
Se nos virem a falar
As más línguas não se calam
Quando estão a namorar
Os mudos também não falam
Calamos a nossa voz
Se perto estiver alguém
Os olhos falam por nós
E entendem-se muito bem
A mesma canção
Letra e música de Fábia Rebordão
Repertório da autora
Se eu viver p'ra ti
Como tu vives p'ra mim
Quem dança a mesma canção
É feliz até ao fim
Para quê ferir amores
Quando o laço é tão mais forte
Partilhámos tantas dores
Juntos demos com o Norte
Das palavras que dissemos
Boca fora sem querer
Não é dito o que sentimos
É só dito por dizer
Quando o amor é amor louco
E por mal de amor se morre
Se outro amor não nos socorre
Por amor se morre um pouco
Só quero viver de ti
Para ti, e por ti ser
Alma gémea, flor aberta
Que renasce e quer viver
Repertório da autora
Se eu viver p'ra ti
Como tu vives p'ra mim
Quem dança a mesma canção
É feliz até ao fim
Para quê ferir amores
Quando o laço é tão mais forte
Partilhámos tantas dores
Juntos demos com o Norte
Das palavras que dissemos
Boca fora sem querer
Não é dito o que sentimos
É só dito por dizer
Quando o amor é amor louco
E por mal de amor se morre
Se outro amor não nos socorre
Por amor se morre um pouco
Só quero viver de ti
Para ti, e por ti ser
Alma gémea, flor aberta
Que renasce e quer viver
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